Israel proíbe filme de árabe sobre massacre de Jenin

O comitê de censura de Israel proibiu um filme produzido por um árabe israelense que mostra os acontecimentos na cidade palestina de Jenin, na Cisjordânia, durante a ofensiva militar israelense em abril, afirmou hoje uma funcionária do comitê.

Sonya David-Elmalea, porta-voz do órgão, afirmou que o comitê proibiu o filme Jenin, Jenin porque ele mostra de maneira falsa acontecimentos de ficção como se fossem verdade. O filme é “propaganda que representa uma visão preconceituosa do grupo com o qual Israel está em guerra”, acrescentou ela.

A imprensa israelense afirma que o filme mantém as alegações palestinas de que soldados israelenses cometeram atrocidades durante a batalha em Jenin. “O público israelense consideraria o filme extremamente ofensivo e poderia equivocadamente pensar que os soldados israelenses cometem crimes de guerra de forma intencional e sistemática”, disse ela.

O Exército israelense entrou em Jenin em abril para erradicar os militantes palestinos responsáveis por uma série de ataques contra israelenses. Depois de oito dias de severos combates de casa em casa no campo de refugiados de Jenin, 52 palestinos foram mortos, dos quais acredita-se que cerca da metade era composta de homens armados. Outros 23 soldados israelenses também foram mortos.No entanto, os palestinos acusam que centenas de civis foram mortos em um massacre israelense.   

Uma investigação das Nações Unidas sobre os confrontos não encontrou provas dos fatos. No entanto, a Anistia Internacional e o grupo Human Rights Watch, sediado nos EUA, acusaram os soldados israelenses de levar a cabo crimes de guerra no campo de refugiados, onde dezenas de casas foram demolidas durante os confrontos.

Mohammed Bakri, um conhecido ator árabe israelense que produziu Jenin, Jenin, disse que iria apelar da decisão. “Vou para os tribunais contra os censores, e espero que a democracia vença o teste”, disse ele à rádio do Exército de Israel.

Uma projeção do filme em Tel Aviv no mês passado provocou o protesto de dezenas de israelenses. Um porta-voz do Ministério da Cultura de Israel afirmou que a censura a filmes ocorre raramente em Israel.  Uma comissão indicada pelo ex-ministro da Cultura Matan Vilani está estudando a possibilidade de dissolver o comitê de censura, afirmou o porta-voz Moshe Fogel.

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