IPCA-15 fecha com 0,28% em agosto, segundo IBGE

O reajuste na tarifa de telefone fixo elevou a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – 15 (IPCA-15) para 0,28% em agosto, ante 0,11% em julho.

A variação ficou no teto das estimativas de analistas do mercado financeiro (0,08% a 0,28%), mas a surpresa não provocou repercussões negativas porque mais da metade da taxa (0,12 ponto porcentual) ficou exclusivamente com a telefonia e preços de produtos importantes, como alimentos, prosseguiram em queda.

O IPCA-15 é uma espécie de prévia do IPCA, índice referência para as metas de inflação do governo. A diferença entre os dois indicadores está apenas no período de coleta, que no caso do índice 15 ocorre do décimo quinto dia do mês anterior ao final da primeira quinzena do mês corrente, enquanto no caso do IPCA os preços são pesquisados ao longo do mês civil.

Para o economista da PUC-RJ, Luiz Roberto Cunha, membro do conselho consultivo de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa acima do esperado "não muda nada na percepção da inflação em queda". Segundo ele, a taxa veio acima da maior parte das previsões porque houve surpresa de reajustes em itens difíceis de prever, como em cursos, leitura e papelaria (0,12%) e produtos farmacêuticos (0,20%).

Cunha disse ainda que o aumento do telefone fixo captado pelo IBGE também foi superior ao esperado. Apesar das surpresas, ele está certo que o IPCA fechado de agosto será inferior ao IPCA-15 e registrará variação entre 0,15% e 0,20%, ante 0,25% em julho.

Marcela Prada, da Tendências Consultoria, também espera que a alta da inflação seja revertida até o final do mês e o IPCA feche o mês em 0,20%, porque o impacto do reajuste do grupo de administrados (telefone e combustíveis) deve diminuir até o final de agosto. Ela avalia que, ainda que a queda dos preços dos alimentos já esteja perdendo força, a cotação desses produtos deve continuar favorecida pelo dólar baixo.

No IPCA-15, além do telefone fixo (3,39%), os principais impactos de alta foram dados pelos combustíveis e salários de empregados domésticos. Segundo explicam os técnicos do IBGE no documento de divulgação – para essa pesquisa eles não concedem entrevista – , a valorização das cotações da cana-de-açúcar provocou um aumento de 4,22% no preço do álcool combustível e de 1,14% na gasolina.

Nos salários dos empregados domésticos, a taxa de 1,86% reflete o aumento do salário-mínimo ocorrido em maio. A explicação é que a defasagem entre o reajuste e a apropriação no índice tem por base razões metodológicas, já que o cálculo se dá a partir da média móvel de três meses após o reajuste.

Houve deflação de produtos importantes, como no grupo alimentação e bebidas (-0,67%), com destaque para a batata-inglesa (-15,08%), feijão preto (-5,69%), leite pasteurizado (-3,97%), óleo de soja (-3,48%), hortaliças (-3 05%) e açúcar refinado (-2,75%).

Na energia elétrica, a conta ficou, em média, 0,65% mais barata, por causa da redução da parcela referente ao encargo de capacidade emergencial (mais conhecido como seguro-apagão). O IPCA-15 acumula até agosto alta de 3,91% no ano e de 6,30% em 12 meses.

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