A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) despencou no período encerrado em 15 de agosto, e caiu 0,20%, ante alta de 0,06% na apuração anterior.
Segundo informou, nesta terça-feira, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi a menor taxa desde a primeira semana de julho de 2003 graças aos recuos intensos de preços de Alimentação (de -0,65% para -1,10%) e Habitação (de 0,63% para 0,23%). O desempenho surpreendeu positivamente o mercado financeiro, que esperava um resultado entre -0,10% a +0,09%.
Para o economista da FGV, André Braz, a queda no IPC-S só corrobora o cenário atual favorável da inflação.
Braz observou que um possível corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (selic), na reunião de hoje do Conselho de Política Monetária (Copom), não é capaz de comprometer a trajetória de desaceleração de preços no varejo, nem o cumprimento de meta inflacionária. Se o Banco Central olhasse apenas o cenário de inflação, o atual ambiente já permitiria um corte de juros, na avaliação do técnico. "Mas não sabemos se o Banco Central levará outros fatores em consideração", afirmou, cautelosamente.
O bom cenário de preços sob controle no varejo deve conduzir a uma trajetória de desaceleração nos próximos resultados do IPC-S. No caso do indicador anunciado hoje (16), na avaliação de Braz, foi "um dos melhores cenários que se apresentaram" para a inflação, nos últimos tempos. Segundo o técnico, houve uma "combinação favorável de fatores" que puxou para baixo os preços de cinco dos sete grupos que compõem o indicador.
No caso da intensificação na deflação dos preços dos alimentos, o grupo foi beneficiado pela bom clima – que favoreceu a oferta e, por conseqüência, derrubou os preços de produtos com comportamento volátil, como Hortaliças e Legumes (-4,86%) e Frutas (-2,84%). Além disso, o setor também foi beneficiado por repasse, para o varejo, da queda de preços dos produtos agrícolas no atacado.
No caso dos preços do grupo Habitação, houve menor influência do aumento de telefonia fixa, realizado historicamente em meados do ano e cujo auge do impacto na inflação já passou. Também houve deflações em vários subgrupos de Habitação, como mobiliário (-0,98%); e eletrodomésticos e equipamentos (-0,59%).
Outro fator benéfico para o recuo da inflação foi a queda mais intensa nos preços de Vestuário (de -1,66% para -1 82%), influenciada pelas liquidações nas lojas da coleção outono inverno. Por sua vez, a desaceleração no preço da gasolina (de 0 51% para 0,40%) levou à redução de preços em Transportes (de 0 32% para 0,26%). A FGV detectou também preços menores nos produtos de Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,49% para 0,48%).
Os únicos dois grupos que registraram aumento de preços foram os de Educação, Leitura e Recreação (de 0,30% para 0,35%) e Despesas Diversas (de 0,11% para 0,15%).


