Fazia um frio danado! Ao sairmos de casa lá pelas sete horas da manhã, a nossa mãe nos ?entrouxava? de roupa, depois ficava atrás da porta tremendo de frio e dizendo que ainda não estávamos suficientemente agasalhados…
Saíamos quebrando geada! Os telhados das casas com meio metro de gelo, o leite dentro do litro (de vidro), deixado na porta pelo leiteiro, havia também virado gelo…(Os leiteiros e entregadores de pão usavam carrinhos puxados a cavalo e faziam as entregas sempre à noite).
Às vezes, o encanamento estourava e alagava a rua pela pressão da água… Era necessário encher a chaleira na véspera, porque pela manhã, a água simplesmente não saía das torneiras. A polícia recolhia os mendigos das ruas e levava-os para a delegacia, para que não amanhecessem congelados! Ali eles passavam a noite, pela manhã eram devolvidos às ruas! Muitas vezes chovia e, quando geava em seguida o povo dizia: ?Geada na lama, xixi na cama…? pois o frio ficava ?de lascar?. As roupas deixadas na grama para apanhar sereno, eram recolhidas com cuidado para que não quebrassem, porque estava geladas e duras! Os motores dos automóveis não pegavam, por causa do frio… Ainda lembro que aqui chovia muito e víamos sapos pulando nas calçadas… Mas tudo isto acontecia há muitos anos atrás… Eu ainda freqüentava o Colégio Iguassú . Passávamos a manhã no colégio e, no caminho de volta para casa tirávamos os casacos, pois o sol estava alto e fazia bastante calor.
Margarita Wasserman – (Escritora e membro do Instituto H. e Geográfico do Paraná)