A Grã-Bretanha pode cortar pela metade suas forças no Iraque em meados do próximo ano após entregar a responsabilidade pela segurança do sul do país aos iraquianos, disse hoje um comandante britânico. Segundo ele, a Grã-Bretanha deixaria "uma força significativamente menor, de entre 3 mil e 4 mil homens, baseados em uma única posição".

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A Grã-Bretanha entregou a responsabilidade de uma das províncias que controla no sul do Iraque às forças iraquianas em julho e o comandante disse que espera entregar uma segunda província no próximo mês. A maior parte dos 7 mil soldados britânicos está locada na cidade de Basra. O comandante disse que os primeiros mil soldados poderão começar a voltar para casa nos próximos quatro ou seis meses.

Ao mesmo tempo em que a Grã-Bretanha pensa em reduzir o número de suas forças no Iraque, o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA anunciou hoje ter recebido autorização para convocar pelo menos 2.500 reservistas para servir no Iraque ou Afeganistão, por causa da falta de voluntários. A reserva é composta de 59 mil marines que estão inativos apesar de ainda não terem cumprido o tempo de serviço. A decisão foi tomada em meio às pressões para que os EUA mantenham seus 133 mil militares no Iraque e os mais de 20 mil no Afeganistão.

As forças americanas enfrentam um aumento de violência sectária, principalmente em Bagdá, desatada após um atentados em fevereiro contra uma mesquita xiita.

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Ainda hoje, os EUA informaram que as forças iraquianas e americanas prenderam na última semana mais de 100 suspeitos de terrorismo, incluindo uma pessoa ligada ao atentado contra a mesquita de Samarra. Pelo menos 3.500 pessoas morreram no Iraque em julho, o mês com maior número de mortos desde que os EUA invadiram o país em março de 2003 para depor Saddam Hussein.

O ex-ditador iraquiano enfrentou hoje o segundo dia de julgamento pela matança de Anfal, lançada em 1987 e 1988. Curdos iraquianos relataram hoje como aviões lançaram sobre seus vilarejos no norte do Iraque um gás que cheirava a maçãs podres. Ex-funcionários iraquianos insistem que a campanha tinha como alvo os rebeldes curdos respaldados pelos iranianos.

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"As pessoas vomitavam. Ficamos cegados", disse a primeira testemunha, Ali Mustafa Hama. O advogado de defesa perguntou a Hama como ele sabia que eram aviões iraquianos e ele respondeu que sua aldeia não tinha problemas com as forças iranianas, por isso duvidava que elas tivessem lançado o gás venenoso. Hama, no entanto, reconheceu que tinha ajudado a guerrilha curda a se esconder. Um dos seis acusados no caso, que estão sendo julgados por crime de guerra, Sultan Hashim, disse no julgamento que a campanha foi uma resposta legítima aos curdos que lutavam com o Irã contra o Iraque. "Estávamos lutando contra um Exército organizado", disse Hashim, que foi comandante da força de Anfal e mais tarde ministro da Defesa. Saddam e outros sete de seus antigos colaboradores aguardam o veredicto do julgamento sobre a matança de 148 xiitas em 1982 em Dujail.