Índios do Centro-Oeste querem ser recebidos por Lula e Bastos

A inesperada audiência concedida na semana passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a diversos grupos indígenas do Nordeste pode alterar a rotina não apenas do Palácio do Planalto, mas também do Distrito Federal. Esperando que Lula repita seu gesto, cerca de 650 índios do Centro-Oeste estão em Brasília para serem recebidos pelo presidente e ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Até segunda-feira, este número poderá chegar a mil.

Mas, até agora, apenas um grupo de 120 pessoas teve audiência com Bastos. A Fundação Nacional do Índio (Funai) não tem mais condições de alojamento; por isso, deve apelar para pensões próximas à instituição.

“Não temos como impedí-los de que venham para a cidade”, afirma um diretor da Funai. Para piorar a situação, a permanência dos grupos na cidade custa diariamente R$ 50 mil e deve se elevar à R$ 90 mil até o fim de semana, quando chegarão xavantes e caiapós, os mais numerosos.

Pelos cálculos da Funai, talvez esta seja a maior aglomeração em Brasília, nos últimos anos. Além do número esperado, outros cem índios que estavam na capital federal desde a posse do presidente só retornaram hoje às regiões. Por falta de dinheiro, a Funai não teve como enviá-los de volta a seus Estados, a maior parte do Pará, Mato Grosso e Amazonas. Alguns, para sobreviver até que o orçamento da Fundação fosse liberado, vendiam artesanatos.

Para integrantes do movimento indigenista, o gesto do presidente foi uma atitude nobre, já que os índios do Nordeste hoje são os que menos recebem benefícios da Funai e de outros orgãos públicos. Além disso, na opinião de pessoas ligadas ao setor, Lula deveria ter recebido grupos diferentes de todo o País, ou lideranças representativas.

O principal objetivo dos mil índios em Brasília é reivindicar uma definição para a Funai, cujo presidente, Artur Nobre – que pode deixar o cargo amanhã – é ainda do governo anterior e espera que uma liderança venha a ocupar o cargo. Mas o principal objetivo da maioria é um só: estar com Lula, como as sete etnias que cantaram e dançaram nos salões do Palácio do Planalto, no dia 9.

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