Índios dançam na cerimônia de enterro de Juruna

O ex-deputado e cacique xavante Mário Juruna, de 58 anos, foi sepultado na manhã desta sexta-feira na aldeia Barreirinho, na Reserva Xavante São Marcos, em Barra do Garças, a 680 quilômetros de Cuiabá, no Mato Grosso. Na cerimônia, reservada a integrantes da nação Xavante, de acordo com a tradição, os índios dançaram em homenagem ao cacique. ?É uma dança muito triste para um amigo, mas é alegre porque ele vai se juntar aos outros chefes?, disse seu irmão, cacique Simão Dzururá.

A filha do cacique, Samantha, disse que os filhos e netos ?continuarão a luta de Juruna pelo fim do preconceito e pelos respeito aos povos indígenas?. Ontem, o corpo de Juruna foi velado na Câmara de Vereadores de Barra dos Garças. Durante o velório, lideranças indígenas fizeram duras críticas ao governo, lamentado o descaso para com as nações indígenas. Centenas de pessoas passaram pelo local para se despedir de Juruna. Primeiro e único índio brasileiro a se tornar deputado federal, o cacique morreu na noite de quarta-feira (17), no hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois de 15 dias de internação, por complicações renais.

Como parlamentar, Juruna criou a Comissão do Índio. Irreverente, chamava dinheiro de ?lixo? e jamais conversava com uma autoridade sem um gravador, para não correr o risco de ser chamado de mentiroso. Foi fundamental na eleição de Tancredo Neves, em 1985, ao denunciar a tentativa de compra de voto, feita por Calim Eid, ex-tesoureiro de Paulo Maluf. Decepcionado, achava que seu trabalho em favor de seu povo foi em vão. Índio da reserva xavante São Marcos, em Barra do Garças, Mário Dzururá  seu nome na etnia, deixa 12 filhos.

Voltar ao topo