São Paulo (AE) – A Igreja Católica está preparando uma grande romaria amanhã (1) e depois (2) para apoiar o protesto do frei Luiz Flávio Cappio, que está em greve de fome desde a última segunda-feira contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Ele está na capela do município pernambucano de Cabrobó, cidade onde está prevista a construção de um dos dois captadores da água do rio. O religioso iniciou o protesto com a frase: "Quando a razão se extingue, a loucura é o caminho".
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) também sugerem que todos os que são contrários ao projeto enviem cartas ao presidente Lula e aos parlamentares para pedir a revisão da transposição.
A CNBB informa no seu site que está convocando uma vigília, a partir de segunda-feira, em frente às sedes do Ibama (entidade que autoriza a licença ambiental para as obras). De acordo com ela, "o Ibama poderá em dez dias licenciar a obra de vez, mesmo ilegalmente". A CNBB diz ainda que para o "Dia de São Francisco, 4 de outubro, data em que dom Luis faz aniversário, está programada uma grande passeata em Cabrobó em defesa da vida de d. Luís e pela revogação do projeto de transposição". A CNBB diz que frei Cappio passa bem, mas sente tonturas. "Ele está lúcido e continua presidindo as celebrações", afirma.
Já o site do CIMI diz esperar que o protesto do padre "obrigue a sociedade brasileira e o governo a serem mais sérios e responsáveis diante de uma obra insana". Segundo o Conselho, "há uma unidade entre a sociedade civil, que a solução hídrica do semi-árido passa pela construção de uma malha de distribuição de água estocada nos açudes, no aproveitamento sustentável das águas subterrâneas e no aproveitamento da água de chuva". Para a entidade, a transposição do rio São Francisco é a "última grande obra da indústria da seca e a primeira do hidronegócio".