Pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, estão trabalhando no desenvolvimento de variedades de feijão biofortificados. ?Há dez anos o forte do melhoramento de plantas era quanto às características agronômicas, como capacidade de produção e resistência a doenças. Hoje a tendência mundial é a melhoria da qualidade nutricional dos alimentos?, afirma que a pesquisadora do Iapar Vânia Cirino.
Segunda Vânia, cerca de 30% da população mundial sofre com a falta de ferro e outras deficiências nutricionais. ?Desenvolver plantas com um teor maior de ferro, proteína, fibras e minerais é imprescindível para diminuir a incidência dessas doenças e reduzir o número de mortes?, salienta a pesquisadora. Vânia lembra que o feijão é uma grande fonte de ferro, proteína e fibras e que ajuda a reduzir o teor de glicose e de colesterol no organismo, por isso não pode faltar na mesa do brasileiro. ?Existem alimentos, como a carne, que têm mais ferro que o feijão, mas por causa do preço a população mais pobre não pode comprar. Como o feijão é mais barato, ele se torna a opção mais indicada para alimentação?, afirma.
A pesquisadora lembra que o Iapar está na vanguarda do melhoramento de feijão biofortificado. O Instituto já está pesquisando há mais de quatro anos o desenvolvimento de variedades de feijão com alto teor de ferro, proteínas e fibras e já se descobriu que algumas cultivares criadas pelo Iapar tem qualidades nutricionais acima da média. A pesquisadora dá como exemplo as variedades IPR Colibri e IPR Juriti. A Colibri tem 25 % de teor de proteína, enquanto a média é de 22 a 24 %, e a Juriti tem 10,48 miligramas de ferro por 100 gramas de grão seco, bastante acima da média de 5 a 7 miligramas.
?Isso foi uma surpresa para nós porque quando essas cultivares foram desenvolvidas o objetivo era outro e o resultado saiu melhor que o esperado?, comenta Vânia. Ela reforça que todo o método de desenvolvimento de novas cultivares de feijão biofortificadas é por meio de melhoramento genético e não por transgenia. ?Nos procuramos pegar o que cada cultivar tem de melhor e cruzar com outras que tenham as características que buscamos?, esclarece.
A pesquisadora ainda não pode prever quando o Iapar deve lançar uma nova variedade de feijão com um teor maior de ferro, proteínas e fibras, mas acredita que o trabalho está bem adiantado pelo bom material que tem em mãos. ?Fica mais fácil chegar a um bom resultado quando começa a seleção por materiais que já tem médias superiores de ferro e proteína, como o caso das variedades do Iapar?, afirma.
Vânia apresentou parte das pesquisas que vem desenvolvendo no 4o Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas em São Lourenço, que aconteceu na semana passada em Minas Gerais. Ela apresentou os trabalhos ?Variabilidade Genética para Teor de Proteínas, Ferro e Zinco em Grãos de Feijão do Grupo Comercial Preto? e ?Variabilidade Genética para Tempo de Cozimento em Feijão do Grupo Preto? em conjunto com sua orientada de mestrado, Juliana Buratto, que está estudando também a influência do ambiente sob as características da variedade. ?Quero averiguar quanto o lugar onde o feijão foi cultivado interfere no teor de ferro, proteína e fibras?, afirma Juliana. Durante o Congresso, Vânia tomou posse como 2a Secretária da Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas.


