Hospitais universitários acumulam dívida de R$ 350 milhões

O problema financeiro enfrentado pelos hospitais universitários não fica apenas na contratação irregular de funcionários. Hoje, essas instituições de saúde, mantidas com recursos do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Saúde (MS), possuem juntas R$ 350 milhões em dívidas com fornecedores e folha de pagamento. As contratações de funcionários terceirizados, via fundações de apoio às universidades, fizeram com que a dívida dos hospitais se acumulasse, prejudicando ainda mais as contas das instituições.

?No Brasil, em média, gastávamos 38% dos recursos com a folha de pagamentos. É claro que em curto prazo, isso levaria a inviabilidade do sistema?, ressaltou o reitor Arquimedes Diógines Ciloni, presidente do grupo de trabalho que discute a situação dos HU´s, na Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Numa tentativa de diminuir o problema, o secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Nelson Maculan, a presidente da Andifes ? Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, reitora Ana Lúcia Gazolla e o reitor Arquimedes Ciloni, se reuniram com o presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Valmir Campelo. O grupo foi pedir a prorrogação do prazo dado às universidades federais para a convocação de concurso público e renovação do quadro de servidores. A data limite estabelecida pelo TCU vence no próximo dia 31 de julho.

O reitor cita o problema do hospital da Universidade Federal de Uberlândia (Ufu), onde ele é reitor. O hospital da federal de Uberlândia possui a segunda maior dívida, depois da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). ?Temos que lembrar que 90% da formação dos profissionais da área de saúde é realizada nos hospitais universitários, sem contar o atendimento social?, ressaltou o reitor.

Segundo ele, as cirurgias para colocação de marcapasso quase tiveram de ser interrompidas porque os fornecedores se recusavam a entregar o material, enquanto não fosse efetuado o pagamento. Dentro da dívida de R$ 350 milhões, cerca de R$ 130 milhões diz respeito aos fornecedores de materiais. ?Essa dívida é uma bola de neve e precisa ser resolvida?, argumentou.

Para o reitor a solução definitiva seria uma linha de crédito para as universidades, com juros abaixo do mercado. Seria um financiamento em longo prazo, nos bancos estatais como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. ?Para que as universidades possam captar recursos e ir zerando a dívida com os fornecedores?, explicou.

Atualmente, o Programa Interministerial de Apoio à Manutenção dos Hospitais Universitários, sob responsabilidade dos ministérios da Saúde e da Educação, tem a obrigação de destinar R$ 100 milhões anuais para o ?custeio? das instituições. Deste montante, cada ministério seria responsável pela quantia de R$ 50 milhões.

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