A gripe aviária ainda não ameaça os brasileiros pois o Hemisfério Sul está fora das grandes rotas migratórias de aves silvestres. Segundo Caio Graco Machado, presidente da Sociedade Brasileira de Ornitologia, o país só deve entrar em alerta no momento em que for identificado algum caso de contaminação nos Estados Unidos ou no Canadá. "Como os focos detectados têm ocorrido na Europa e na Ásia e não temos uma rota migratória daqueles continentes para a América do Sul, a única rota possível, seria da América do Norte para a América do Sul", esclarece. "Por enquanto não foi detectado nenhum registro da gripe aviária na América do Norte. Então, em princípio, ainda estamos livres de qualquer risco de contaminação", assegura.

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O especialista destaca, também, que são poucas as aves que migram do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul, o que diminui ainda mais a possibilidade de a doença chegar ao Brasil por intermédio das aves silvestres. Ele alerta que o risco de contaminação é maior pelo consumo de carne originária de países que apresentam contaminação, como Camboja, China, Vietnã e até mesmo países europeus, ou pela importação de aves exóticas. "É importante, quem quer ter ave em cativeiro importe de criadouros regularizados e de locais com controle governamental", destaca.

Outra recomendação é evitar o contato com aves silvestres, seja para captura como animal de estimação, seja para consumo. "O vírus da gripe aviária chama muita atenção porque pode contaminar o homem, como ocorreu. Só que entre aves silvestres existe uma infinidade de outros vírus que ainda desconhecemos", revela.

Machado também condena a medida de drenagem de pântanos, sugerida em diversos países, já que as aves aquáticas têm sido as principais transmissoras do vírus causador da gripe asiática. Segundo ele, a ação seria "desastrosa" pois destruiria um habitat natural e desviaria as rotas migratórias, dificultando o controle preventivo. "Estas aves vão procurar outras áreas para se estabelecer e vai se perder o controle. Hoje já se sabe exatamente os pontos em que elas chegam e é muito mais fácil monitorar a presença ou não destes vírus nessas populações", justifica.

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