Greve no Ibama prejudica madeireiras

As madeireiras brasileiras estão acumulando prejuízo diário superior a US$ 22 milhões com a greve dos funcionários do Ibama, que hoje completa duas semanas. A estimativa é da Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), que ingressou na última terça-feira com uma ação ordinária contra a greve, na Justiça Federal de Brasília. Com a paralisação dos servidores, nenhuma madeira pode ser transportada no País, já que depende da Autorização de Transporte de Produto Florestal (ATPF), emitida pelo Ibama. A entidade pediu que a Justiça libere o trânsito das mercadorias apenas com a nota fiscal, dispensando a obrigatoriedade do documento do Ibama.

No segmento de madeira processada mecanicamente (madeira serrada, laminada, compensada, portas e pisos), a Abimci estima perdas diárias de US$ 5,5 milhões. Só no Paraná, onde estão 45 das 150 empresas associadas, o prejuízo está avaliado em US$ 2 milhões/dia, informa o superintendente executivo da Abimci, Jeziel Adam de Oliveira. De janeiro a outubro, o Estado exportou US$ 600 milhões de madeira processada mecanicamente, 22,4% mais que no mesmo período do ano passado. A greve emperra também as exportações de móveis, papel e celulose.

Além de reduzir estoques de matéria-prima e impedir o escoamento das mercadorias, a paralisação do Ibama compromete a produção e as entregas para os mercados interno e externo, aponta o presidente da Abimci, Odelir Battistella. “Nossas projeções para um crescimento de até 20% estão comprometidas, pois o que não foi produzido talvez não o seja mais. A única certeza até agora é um prejuízo que vem sendo contabilizado diariamente”, considera. “Você leva alguns anos para conquistar mercados e clientes e agora corremos o risco de perdê-los e ter de pagar multas pesadas”, sinaliza Oliveira. A recente greve dos servidores federais também prejudicou as exportações brasileiras de produtos florestais. O segmento exportou US$ 8 bilhões em 2002 e mais de US$ 3,62 bilhão de janeiro a outubro de 2003. A cadeia da floresta produtiva envolve mais de 2,5 milhões de empregos, presentes em mais de 60% dos municípios brasileiros, através de quase 13,5 mil empresas, com arrecadação em tributos superior a US$ 2,1 bilhões no ano passado.

Ibama

A principal reivindicação dos funcionários do Ibama é o reenquadramento das tabelas de planos e salários, que garante um reajuste médio de 35% sobre os salários que variam de R$ 2 mil para cargos técnicos a R$ 5 mil, para cargos de nível superior. O gerente executivo do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves, explica que a direção do Ibama considerou justa a reivindicação da categoria, e encaminhou um projeto em regime de urgência urgentíssima para a Câmara Federal. Aprovado, o projeto seguiu para o Senado – concedendo o reajuste retroativo a primeiro de outubro.

Com a aprovação na Câmara, o Conselho Gestor do Ibama propôs o retorno dos servidores ao trabalho, mas a proposta foi recusada pelo comando nacional de greve, que espera a sanção presidencial. A paralisação é total nas sedes das gerências, nas capitais, e nas cidades portuárias. O Ibama tem cerca de 200 funcionários no Paraná, sendo mais da metade em Curitiba e 15 em Paranaguá. De acordo com Gonçalves, estão parados todos os processos administrativos, liberações de licença ambiental e expedição de guias para exportação de produtos florestais, além de ser prejudicado o trabalho de fiscalização e atendimento às denúncias.

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