O governo não pretende quebrar contratos no processo de revisão dos critérios de reajuste das tarifas públicas. A idéia de trocar o Índice Geral de Preços (IGP), que corrige a maior parte dos contratos, por um outro indexador que não cause tanto impacto na inflação é uma idéia antiga e os primeiros estudos foram feitos no governo passado.

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O trabalho foi intensificado a partir de janeiro de 2003 pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula. Na sexta-feira, o próprio presidente Lula, em entrevista coletiva, reforçou a tese de manutenção dos contratos em vigor. Por outro lado, assessores vêm defendendo o diálogo com as empresas em busca de uma troca consensual de índices.

Essa troca, no entanto, não é exatamente uma solução para conter a inflação. Os técnicos do setor afirmam que o objetivo é montar um índice que reflita os custos da empresa, para evitar ganhos ou perdas indevidos. E isso não significa, necessariamente, porcentuais menores de reajuste.

O setor de telecomunicações – que gerou uma crise no início do governo Lula, quando o então ministro das Comunicações Miro Teixeira, reagiu contra o aumento resultante da aplicação da correção prevista nos contratos – já deverá ter um novo referencial de reajuste a partir de janeiro de 2006, quando vencem as atuais concessões. Em vez de se usar o IGP-DI, em vigor atualmente, as tarifas serão corrigidas por um índice setorial para telecomunicações, em elaboração na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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Na área de energia elétrica, houve um movimento inicial para se trocar o IGP-M pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos leilões de energia realizados desde dezembro. O Ministério de Minas e Energia já pensa em voltar para o IGP-M nos próximos leilões, ou então adotar o índice setorial que está sendo estudado também pela FGV. A preocupação do governo é que o índice precisa estar alinhado com o custo operacional e de financiamentos das novas usinas, ou não atrairá investidores. No caso das concessões rodoviárias federais foi percorrido o caminho inverso, pois foi abandonado o índice setorial em favor do IPCA.