Governo paraguaio culpa Oviedo por manifestações

O governo do Paraguai responsabiliza o ex-general Lino César Oviedo pela onda de manifestações no país para pedir a renúncia do presidente Luís González Macchi. Manifestações como a desta segunda-feira fariam parte da estratégia de Oviedo para retornar ao país e disputar as eleições presidenciais em maio de 2003.

Foragido da Justiça paraguaia, o ex-general vive livremente no Brasil graças a um salvo-conduto concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). González Macchi acusa Oviedo de tentar desestabilizar seu governo mesmo estando fora do Paraguai.

Impedido de entrar no país sob risco de ser preso – por causa de uma pena não cumprida de 10 anos pela tentativa frustrada de golpe de Estado contra Juan Carlos Wasmosy, em 1996 -, o ex-general vem usando Foz do Iguaçu e outras cidades da fronteira para reunir seus partidários em comícios, nos quais faz duras críticas às autoridades paraguaias.

O governo paraguaio acusa Oviedo de estar por trás do encontro de domingo num centro de tradições gaúchas de Foz do Iguaçu em que foi definida manifestação que acabou em confronto com militares, hoje, nas imediações da Ponte da Amizade.

Recentemente, o embaixador paraguaio no Brasil, Luis Gonzales Arias, queixou-se formalmente ao governo brasileiro contra Oviedo, acusando-o de aumentar o clima de instabilidade em seu país. Em caso de renúncia de Macchi, assumiria o vice-presidente Julio César Franco, que já manifestou publicamente sua intenção de perdoar Oviedo da condenação de 10 anos de prisão imposta por uma corte militar formada por Wasmosy.

O general também é acusado de ser o mentor intelectual do assassinato do vice-presidente Luís Maria Argaña, em 1999. A família de Argaña oferece uma recompensa de US$ 100 mil por indícios que levem à captura de Oviedo, vivo ou morto.

Corregilionários de Oviedo denunciam que as Forças Armadas estão desrespeitando a Constituição e instaurando o terror ao invadir residências em busca do ex-general. A perseguição aos oviedistas aumentou com o processo de transformação do movimento União Nacional de Colorados Éticos (Unace) em partido político, que prepara a volta do ex-general, de 58 anos, como candidato a presidente da República. As eleições serão realizadas em maio de 2003.

Oviedo foi detido em Foz do Iguaçu, em junho de 2001, pela Polícia Federal brasileira, em cumprimento a uma ordem internacional de prisão dirigida à Interpol pela Justiça paraguaia. Além da condenação à prisão por 10 anos e da acusação do assassinato de Argaña, ainda pesa sobre ele a participação indireta na morte de sete manifestantes na Praça do Congresso, em Assunção, em março de 1999, por franco-atiradores.

O ex-general paraguaio não corre risco de expulsão do País. O Supremo Tribunal Federal (STF) negou em dezembro pedido de extradição feito pelo governo do Paraguai. Antes disso, o Supremo já havia aceitado que o ex-general fosse transferido de um quartel da Polícia Militar do Distrito Federal para uma prisão domiciliar em Brasília.

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