Governo FHC será julgado nas urnas, diz Lula

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que o governo do presidente Fernando Henrique será “julgado” nestas eleições. Em entrevista coletiva concedida a jornalistas estrangeiros em São Paulo, Lula se negou a fazer um balanço dos oito anos de administração tucana no País, argumentando que isso será feito pelas urnas.  “Eu acho que o governo de Fernando Henrique Cardoso será julgado pelos eleitores agora, no dia 6 de outubro.”

Lula teve de responder a muitas perguntas sobre as relações externas do País nos 55 minutos de entrevista. As dúvidas dos jornalistas estrangeiros eram, principalmente, sobre como seria a relação de um eventual governo petista com Cuba, de Fidel Castro, e Venezuela, de Hugo Chávez. Até o passado do presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, que fez treinamentos militares em Cuba, foi questionado.

Ao comentar a preocupação de setores conservadores dos Estados Unidos com sua possível vitória, Lula disse se tratar de falta de informação. “Às pessoas que demonstram certo preconceito, eu diria que se trata mais de falta de informação do que conservadorismo”, afirmou o candidato do PT. “Não tem problema dizerem que tenho relações políticas com Fidel ou com Chávez, é só dizer que tenho relações políticas com todos os países da Europa, com a China e com todos os países da América do Sul.”

Lula, que fez questão de contar a história do PT e reafirmar seu compromisso com a democracia, ainda mandou um recado aos críticos estrangeiros. “Não temos que estar preocupados com o que os outros pensam de nossas relações e sim se nossas relações interessam aos interesses soberanos do Brasil”, disse o presidenciável. “Aliás, nunca fiz críticas sobre as relações dos outros países. Cada um tem a sua estratégia de comércio exterior.”

Ainda no assunto pressões externas, Lula afirmou que terá calma na hora de indicar os quadros do primeiro escalão de um eventual governo seu. “Não vamos indicar ministro por pressão de mercado, vamos indicar em função das necessidades que o PT vê para os interesses do Brasil.”

Mercosul

O presidenciável petista defendeu a inclusão de outros países da América do Sul no Mercosul, utilizando como exemplo o Chile, a Venezuela e o Peru. “Até pela proximidade das línguas, nossa relação no Mercosul tem de ser econômica, política e cultural”, afirmou Lula. “Precisamos desenvolver não só os interesses comerciais dos países, mas também chamar os setores vivos da sociedade para participar de sua consolidação, incluindo outros países que já se mostraram dispostos a participar do Mercosul”, completou.

Alca

A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) também foi alvo de comentários do presidenciável, que foi duro em suas declarações contrárias a sua criação da maneira como está posta. “Da mesma forma que os Estados Unidos são intransigentes na defesa de seus interesses, nós seremos intransigentes na defesa dos nossos interesses”, disse Lula. “Entraremos na negociação da Alca com força.”

O candidato afirmou que, se eleito, tentará uma relação de igual para igual com os países desenvolvidos. “Vocês não vão ver um governo chorão na TV, reclamando do mundo desenvolvido e se colocando como coitadinho.”

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