Governo é cauteloso com metas do biodiesel

Apesar do entusiasmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o biodiesel, cautela é a palavra de ordem no governo quando o assunto é a antecipação das metas do programa nacional lançado há dois anos. "No governo há um consenso de que a antecipação é possível. Mas a decisão só deverá ser tomada quanto tivermos fatos e dados que comprovem com segurança que a decisão pode ser tomada", disse o diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, ao avaliar o cronograma estabelecido pelo governo para o chamado B5, ou seja, a adição obrigatória de 5% de biodiesel ao diesel de petróleo, prevista para 2013.

Desde o ano passado, a mistura de 2% (o B2) de biodiesel produzido a partir de cinco matérias-primas – girassol, dendê, mamona, algodão e soja – no diesel é voluntária. No começo de 2008, o B2 passa a ser obrigatório e um novo desafio já foi anunciado: a adição, em caráter voluntário, de 5% de biodiesel ao diesel. Em 2013, esse porcentual passa a ser obrigatório, o que deve, nos cálculos iniciais do governo, demandar 2 bilhões de litros/ano do produto.

Um sinal de que o programa vai bem e de que as perspectivas são boas é que muitas empresas têm feito investimentos para ampliar a oferta de biodiesel, produto que é comprado pela Petrobrás por meio de leilões organizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O produto já é oferecido em 170 postos de combustíveis de um total de 34 mil espalhados pelo País. A demanda potencial é calculada em 800 milhões de litros nesta primeira fase. "Estamos apostando forte no mercado de biodiesel. Vamos construir uma fábrica no Rio Grande do Sul, no município de Cachoeira do Sul", afirmou Paulo Donato, gerente da fábrica da Granol de Anápolis, em Goiás.

Com a unidade gaúcha, que deve entrar em operação em março de 2007, sobe para três o número de plantas da Granol em condições de produzir biodiesel. A empresa também arrendou uma fábrica de óleos em Campinas, no interior de São Paulo, e decidiu construir uma unidade em Anápolis, que deve entrar em operação no mês que vem

A fábrica de Campinas permitiu que a empresa entregasse 6 milhões de litros de biodiesel para a Petrobrás. Em Anápolis, a produção será de 100 milhões de litros/ano e outros 120 milhões de litros serão produzidos no Rio Grande do Sul. Só em Goiás a Granol investiu R$ 100 milhões.

Apesar da perspectiva de aumento na oferta, o governo não quer antecipar as metas. Até agora, as empresas declararam ao governo ter capacidade para produzir mais de um bilhão de litros de biodiesel por ano. ‘Não podemos antecipar metas com base em declarações. Precisamos saber qual a capacidade de produção antes de tomar uma decisão’, disse uma fonte do Ministério da Agricultura.

O temor do governo é de que o biodiesel tenha o mesmo destino do Proálcool, programa criado em 1975 para reduzir a dependência externa de petróleo, mas que fracassou na sua primeira versão por falta de produto para abastecer o mercado interno.

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