Governo desiste de interferir em lucro de postos e distribuidores

O governo desistiu de convocar distribuidores e revendedores de álcool para discutir as margens de lucro na comercialização do produto. A reunião, anunciada na semana passada pelo Ministério da Agricultura, estava prevista para esta semana, mas não foi considerada necessária pelo Ministério de Minas e Energia. Hoje (19), o ministro Silas Rondeau disse que o mercado de álcool é livre e, portanto, o governo não pode adotar nenhuma medida de pressão. "Essa conversa sempre existiu. Eu não diria que haverá uma reunião especial para isso. Em uma conversa dessas, nós certamente vamos colocar o assunto na pauta", disse o ministro.

A idéia da reunião surgiu na semana passada, quando o governo constatou a resistência do setor em reduzir os preços do álcool na bomba. A queda dos preços nas usinas não se refletiu nos preços aos consumidores. Rondeau ressaltou que o governo não pode interferir na definição das margens de lucro em um segmento que opera com preços livres. "Não posso discutir margens de lucro. Quem vai regular é o mercado", disse.

O acordo do governo com os usineiros, que fixou o preço do álcool anidro em R$ 1,05 na usina, tem de ser visto, segundo Rondeau, do ponto de vista de uma política para o País. A preocupação do governo é não deixar o programa do álcool "derrapar de novo", afirmou.

Ele lembrou que o primeiro Proálcool fracassou porque o preço do açúcar subiu muito e os produtores deixaram de produzir álcool para produzir açúcar. Ao ser questionado se os segmentos de distribuição e revenda poderiam colaborar com essa política, Rondeau respondeu: "Acho que, tomando consciência disso, sim. Mas eu não vejo necessidade, neste momento, de utilizar qualquer mecanismo de pressão para esse tipo de controle."

O preço do álcool, na avaliação do ministro, cai naturalmente quando há aumento de produção. Como o período é de entressafra, os preços subiram. Ele ressaltou, no entanto, que os usineiros se comprometeram a antecipar a moagem da cana-de-açúcar de abril para março para aumentar a oferta de álcool. Até lá, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai atuar mais diretamente na fiscalização.

A explicação de Rondeau para a alta do produto na bomba é a mesma do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Segundo eles, os distribuidores ainda trabalham com estoques antigos. "Houve uma compra grande em dezembro e eles estocaram. Agora, vão ter de se desfazer do estoque, mas o reflexo não é imediato. Vão ter de esperar algum tempo para colocar o novo preço na revenda", afirmou.

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