O alto grau de endividamento dos Estados com a União e a falta de recursos para investimentos são os principais problemas que serão deixados para os 27 governadores – eleitos e reeleitos. Com gastos elevados em pagamento de pessoal, custeio da máquina pública e serviços da dívida, os governos não encontram recursos disponíveis para aplicar em obras e infra-estrutura – 12 dos 27 Estados comprometem mais que 80% de suas receitas com esses itens.
Rio Grande do Sul, Alagoas e Paraíba são os Estados com a situação mais crítica. O governo gaúcho, da governadora eleita Yeda Crusius (PSDB), chega a gastar 97,1% da receita disponível com servidores, entre ativos e aposentados, manutenção da máquina e serviços de saúde e educação, além do pagamento da dívida.
Indicadores sociais
Em 2005, o Estado consumiu 57% da receita disponível com pagamento do pessoal. Em contrapartida, no mesmo ano, apenas 3 6% do arrecadado foi usado para investimentos, o que fez a governadora eleita sair à frente na tentativa de mobilizar governadores para cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva alternativas para desafogar o caixa dos Estados.
O Rio Grande do Sul, no entanto, apresenta bons indicadores sociais, diferentemente dos dois Estados do Nordeste. Em Alagoas onde 91,5% da receita é usada para pagamento de pessoal, custeio e serviços da dívida, o governador Luis Abílio (PDT) reconhece a situação crítica das finanças, mas diz que o governador eleito, Teotônio Villela Filho (PSDB), vai receber o Estado em situação bem melhor que o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) recebeu em janeiro de 1999. "Os indicadores sociais continuam baixos, mas, quando assumimos o Estado, eram bem piores", disse o governador. Alagoas tem o segundo pior índice de desenvolvimento humano (IDH), uma das mais baixas renda per capita e elevados índices de mortalidade infantil e analfabetismo.
Na Paraíba, onde o governador tucano Cássio Cunha Lima foi reeleito, o gasto com pessoal, custeio e serviços da dívida consumiu 84,5% da receita disponível em 2005, enquanto 6% foi para investimentos – numa região com indicadores sociais dos mais baixos do País.
A pior herança, porém, será a recebida pelo governador eleito Jackson Lago (PDT). O Maranhão, com 6,2 milhões de habitantes, é apontado como o Estado com o piores indicadores sociais. De acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Maranhão estão 57 dos 100 municípios mais pobres do País e a renda per capita é a pior do Brasil – R$ 2,7 mil por habitante. Apenas 30% da população têm acesso a água encanada e rede de esgoto.
Problemas como ausência de saneamento básico e necessidade de maiores investimentos em saúde e educação são demandas gerais dos Estados do Norte e do Nordeste. Nas regiões mais desenvolvidas, principalmente Sudeste e Sul, a busca pelo equilíbrio financeiro tem como objetivo principal a geração de mais recursos e renda. É o caso de São Paulo, do governador eleito José Serra (PSDB), onde as finanças são um problema, mas o quadro não é de penúria. Hoje, a maior necessidade do Estado é viabilizar obras estruturantes, principalmente na área dos transportes, para otimizar o escoamento da produção interna.
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