O governador Roberto Requião defendeu a criação de uma moeda única do Mercosul como um dos instrumentos para encerrar o episódio da ameaça das barreiras comerciais ao Brasil por parte da Argentina. Durante entrevista ao programa “Jogo do Poder”, exibido na última quinta-feira à noite pela CNT, Requião disse que a Argentina também enfrenta barreiras em relação ao Brasil e a solução para o impasse passa pelo entendimento entre os governos, “cujo interesse é muito maior que o interesse de grupos empresariais que apenas visam lucros”.

Requião analisou o recente episódio em que a Argentina ameaçou taxar a importação de produtos brasileiros. Ele não acredita que essa disputa possa gerar uma crise entre países e que “não tem cabimento um ambiente de tensão entre Brasil e Argentina”.
Para Requião, “o Mercosul deve ser encarado como um espaço de seriedade latino-americana”, lembrando que a Argentina também enfrenta barreiras do Brasil para colocação de seus produtos no mercado interno. Ele defendeu a abertura total das fronteiras entre os países do Mercosul, “até para liberar a Argentina da dependência dos Estados Unidos e, por consequência, da Alca (Acordo do Livre Comércio para as Américas)”.

O governador disse que essa abertura total das fronteiras só vai acontecer quando o Mercosul tiver uma moeda única, situação que vai livrar definitivamente os países do continente latino-americano de quaisquer conflitos. “Acredito que o governo argentino está sendo pressionado por grupos econômicos que estão tendo prejuízo”, disse. “Eles precisam entender que o Brasil é amigo da Argentina e interessa a nós o desenvolvimento do país”, afirmou.

Ao responder perguntas sobre política externa, Requião defendeu o governo Lula em relação às negociações com a Alca. Segundo ele, o Governo Federal acertou em atrasar as negociações com o bloco das Américas. “O governo Lula apenas não cedeu à pressão do bloco, ao exigir que as negociações fossem colocadas com mais clareza”.
Requião defende que o Mercosul seja consolidado antes do país participar dos grandes blocos internacionais de comércio. “Hoje, a Alca faria com o Brasil o que alguns setores da economia argentina imaginam que o Brasil está fazendo com ela. Ou seja, eles arrasaram literalmente a economia brasileira”, comparou.

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