Goleiro nunca será craque

Estive em férias e durante uma boa parte delas procurei acompanhar o noticiário esportivo com mais afinco. Escutei pelo rádio, vi na TV e li nos jornais nossos cronistas, daqui do Paraná e de fora dele, comentarem sobre nossos craques de hoje. Era quase unanimidade nacional ouvir que Kaká, Robinho e Diego são os melhores jogadores em atividade no momento.

Mais especificamente diziam os comentaristas que Kaká é hoje o melhor jogador brasileiro em atividade dentro do País. Concordo que esses três atletas são realmente uma sensação de desempenho em qualquer competição que atuem.

No entanto, vejo uma falha muito grande de nossos comentaristas em não observar uma função específica, que é a de goleiro, como se um time de futebol fosse composto exclusivamente de dez atletas de linha de ataque.

E dentro desse raciocínio vejo a mídia em geral badalar aos quatro ventos que nossos jogadores de ataque são sempre os mais procurados, mais valorizados.

Raras foram as ocasiões que vimos goleiros brasileiros se destacando no Brasil e principalmente fora dele.

Dá para contar nos dedos que Taffarel esteve lá fora, Gilmar (ex-Flamengo e São Paulo) e mais recentemente o Dida. Mas mesmo assim esses goleiros jamais foram considerados como craques. No máximo eram apontados como o melhor que tínhamos, deixando a entender que poderia se esperar muito mais dos nossos goleiros.

Todo o Brasil viu o que o Marcos fez na Seleção Brasileira na Copa do Japão. E o que ele vem fazendo no gol do rebaixado Palmeiras. E nem por isso é apontado como craque e nem figura na lista dos melhores em atividade do Brasil. Só é considerado quando o assunto é especificamente goleiros. Mas quando ele é analisado num todo, jamais aparece.

É o caso do Fernando, do Coritiba, que tem feito maravilhas, ou quem não se lembra das magistrais defesas que o Flávio realizou na campanha de campeão brasileiro, pelo Atlético. Pelo que se vê, eles não são tratados como atletas integrantes de um elenco. Mas ai do time que tiver um bom ataque, um bom meio-de-campo, uma excelente defesa e um péssimo goleiro.

E por que será que eles não são valorizados? Que respondam nossos cronistas esportivos. Ou que assumam o erro de não incluir o goleiro como craque de bola, ora bolas!!!

Quando um atacante perde um, dois gols (o São Paulo, outro dia, e um deles foi o Kaká que bateu, perdeu dois pênaltis) é considerado como quase normal, enquanto que o goleiro que defendeu (o Maurício, da Portuguesa Santista) nem foi citado. Pobres dos nossos goleiros. Eles nunca são considerados craques.

Osni Gomes

é jornalista, editor em O Estado e escreve aos sábados neste espaço.

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