Generosa cornucópia

O segmento dos bancos de capital aberto é uma cornucópia das mais recheadas que se tem notícia na história recente da economia brasileira. O lucro obtido por quatro grandes bancos, em 2004, superou a marca estratosférica dos R$ 11 bilhões.

A maior fatia ficou com o Grupo Itaú, cujo lucro no ano passado foi de exatos R$ 3,776 bilhões, o maior resultado já obtido desde que a primeira casa bancária particular começou a operar no País. O Bradesco contabilizou R$ 3,060 bilhões, o Banco do Brasil, R$ 3,024 bilhões, e o Unibanco, de desempenho mais modesto nesta seara de lucros gigantescos contentou-se com R$ 1,283 bilhão.

Resultados tão auspiciosos quanto esses, segundo analistas da economia, se deveram ao crescimento extraordinário das carteiras de crédito, apesar das elevadas taxas anuais de juros praticadas pelo sistema bancário.

Ou seja: mesmo arcando com o ônus financeiro altíssimo dos empréstimos, micros, pequenos e médios empresários não tiveram como fugir da compulsória rotina de prenderem-se a pesados compromissos com instituições do sistema financeiro. Aliás, nas circunstâncias atuais da economia brasileira, parece não restar alternativa para quem está disposto a continuar gerando empregos e produzindo riquezas.

Ao festejarem em seus balanços anuais o invejável lucro obtido no último exercício, uma evidência ficou bastante clara: o empresário brasileiro é bom pagador, pois ao menos no caso do Grupo Itaú, uma das razões do ganho astronômico foi a expansão em cerca de 70% do total emprestado aos empresários, que retornou como bolo bem crescido graças ao fermento das taxas de juros.

O governo tem procurado fazer sua parte ao estimular a implantação de bancos populares para operar com crédito solidário, a juros baixíssimos, instituindo também no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal esse tipo de benefício prioritário aos pequenos negociantes.

Mesmo assim, persiste um grande fosso a separar essa categoria de empreendedores do acesso ao crédito, hoje insumo oneroso e difícil de obter sem o empenho de alguma caução patrimonial.

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