Gasolina deve passar R$ 2,50 em Curitiba

Apesar de a Petrobras ainda não ter informado a data exata nem os índices de reajuste dos preços dos combustíveis, é provável que os motoristas comecem a pagar mais caro para abastecer já no início da semana que vem. Segundo empresários do setor, com o anúncio da alta, as distribuidoras começam a retirar os descontos, voltando a praticar os preços “cheios”. Ontem, a maioria dos postos de Curitiba, vendia o litro da gasolina com promoção, entre R$ 2,05 e R$ 2,09. Mas ninguém sabia dizer até quando esses preços durariam. O custo de compra nas distribuidoras variava de R$ 2,03 a R$ 2,07, deixando as margens de lucro das revendas praticamente nulas, quando o ideal seria entre R$ 0,25 e R$ 0,30.

Mas até o próximo final de semana, quando deve ser confirmado o aumento, o litro deve custar entre R$ 2,50 e R$ 2,55 na capital paranaense. Esse seria o valor caso fosse aplicado um reajuste de 7%, conforme cálculos preliminares do Sindicombustíveis/PR (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná). Com a proximidade da alta, os postos tentam garantir um estoque maior para atender o crescimento no movimento. No pool de distribuição de combustíveis em Araucária, ontem havia filas de caminhões e o carregamento estava lento.

“No setor, está todo mundo apreensivo, sem saber o que vai acontecer. A defasagem é grande, o barril de petróleo está subindo e o dólar deve ter uma oscilação maior por causa dessa confusão no mercado”, aponta Marcelo Karam, diretor regional do Sindicombustíveis/PR. A gasolina acumula defasagem de 5% em relação ao preço internacional, enquanto a diferença do diesel é de 18%.

Karam alerta os consumidores para tomarem cuidado com a qualidade do combustível, lembrando que nesta semana três postos foram fechados no Estado com problemas de documentação e qualidade do produto. “A concorrência predatória na cidade, com adulteração e sonegação em grande volume, faz com que o preço caia, mas nas próximas horas as distribuidoras cortam os descontos e a guerra de preços na cidade vai parar, voltando o preço cheio”, comenta.

Nos postos

O posto Mercês mudou anteontem o valor da gasolina de R$ 2,09 para R$ 2,07. “A gente acompanhou o posto do lado, que abaixou, para não perder mercado”, explica o gerente Ataíde Oliveira de Souza. “O que ocorre em Curitiba é uma briga de preços positiva para o consumidor, mas não sei até que ponto para os posteiros, já que muitos trabalham com produtos de má qualidade”, observa o proprietário do posto Portal das Mercês, Luiz Antônio Rasera, que vendia a gasolina a R$ 2,06.

“Trabalho praticamente sem margem, mas meu combustível tem origem comprovada (BR) para conquistar os clientes com a qualidade e forçar os posteiros desonestos a tomarem providências”, relata. “Recebo ?n? ofertas de distribuidoras de álcool, mas só compro da Petrobras. É preciso que a ANP e outros órgãos de fiscalização vão em cima dessa gente que não cobre o custo do produto”, opina Rasera.

Os consumidores estão revoltados com o novo aumento dos combustíveis. “Acho um absurdo, porque o País é quase auto-suficiente na produção de petróleo e não precisava depender do mercado internacional”, protesta o vendedor Erlon Moraes. “Quando comprei o carro em 97, gastava R$ 25 para encher o tanque. Hoje vai R$ 100. O combustível é uma das alavancas do desenvolvimento. Se o governo conseguisse baixar o preço, reduziria o preço de outros produtos que dependem do transporte”, considera.

Os constantes aumentos dos combustíveis também estão pesando no orçamento do motorista particular Valdir Sebastião dos Santos. “Antes gastava R$ 35 a R$ 40 e dava para rodar uma semana. Hoje chego a colocar duas vezes R$ 50 numa semana para encher o tanque”, conta.

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