O presidente da estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPFB), Juan Carlos Ortiz, pediu ontem à Petrobras mais 30 dias de prazo para discutir mudanças na fórmula de reajuste do gás natural comprado pelo Brasil. A solicitação foi feita num telefone dado na tarde de ontem. A informação foi dada pelo diretor de Gás e Energia da Petrobrás, Ildo Sauer, durante uma apresentação aos diretores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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Aos industriais, Sauer disse que não havia respondido imediatamente ao pedido de Ortiz. Segundo ele, a resposta será dada hoje. Se permitir, será a quarta prorrogação de prazo na negociação sobre as mudanças no contrato de compra de gás pelo Brasil. O diretor da Petrobras, entretanto, afirmou durante o encontro na Fiesp que não tinha disposição de dar mais 30 dias aos bolivianos. "Por mim essa história poderia acabar agora", afirmou.

O encontro entre Sauer e o presidente da YPFB está marcado para amanhã, em Santa Cruz de la Sierra. Fonte ouvida pelo jornal O Estado de S.Paulo afirma que a Petrobras reafirmará a recusa de qualquer mudança no contrato que resulte na revisão da atual fórmula de reajuste do combustível.

Essa foi a primeira resposta dada pela direção da Petrobras quando a YPFB chamou para renegociar as bases do contrato. O objetivo inicial do governo Evo Morales era obter um reajuste de 100%, o que elevaria o preço do gás a US$ 8 por milhão de BTU.

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Mais recentemente, a Bolívia mostrou que ficaria satisfeita com a equiparação do preço do gás comprado pelo Brasil ao mesmo valor que será pago pela Argentina no novo contrato de 20 milhões de metros cúbicos por dia, ou US$ 5 por milhão de BTU. A primeira resposta dada pela Petrobras foi a de que o contrato tinha equilíbrio econômico-financeiro e já previa reajustes trimestrais.

Em linhas gerais, o atual contrato prevê revisão trimestral do valor cobrado pela Bolívia por milhão de BTU. Esse ajuste é feito a partir da cotação de uma cesta de três óleos combustíveis com diferentes níveis de enxofre no mercado internacional. Esses produtos são referências para o gás comprado pelo Brasil. A expectativa é de que esses aspectos do atual contrato não sejam alterados.

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