Furlan prevê que Lula será destaque do Fórum Econômico

Veterano participante do Fórum Econômico Mundial, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, prevê que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ser o destaque do evento realizado em Davos, na Suíça.

“O Fórum quer muito que ele vá lá”, disse Furlan, um dos artífices da ida de Lula. “Acho que há uma grande possibilidade, sem fazer trocadilho, de que ele venha a ser a estrela do encontro. Será uma estrela brilhante, sem cor.”

Por isso, avalia, o presidente terá uma oportunidade única de defender pontos de interesse do País, como a redução do protecionismo e o aumento de empregos e exportação gerados por empresas multinacionais com subsidiárias no Brasil.

Lula contará ainda com um palco privilegiado para falar sobre o programa Fome Zero, durante a sessão de encerramento do Fórum, no domingo. Ao lado do diretor do evento, o ex-presidente da Costa Rica José Maria Figueres, Lula apresentará projetos para o combate à fome e à desigualdade.

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, também participará do evento e a discussão sobre o iminente ataque ao Iraque parece ser a única capaz de rivalizar com o debate de caráter social. “Esperamos que o tema da guerra dos americanos com o Iraque não venha a ser dominante no encontro”, afirmou Furlan. “A pauta de Powell provavelmente não tem nada a ver com a nossa.”

Na avaliação de Furlan, a distribuição desigual dos benefícios da globalização é hoje alvo de crítica no mundo inteiro e constitui motivo de desconforto nos países desenvolvidos. Nesse quadro, Furlan acredita ser possível, mais do que nunca, colocar em primeiro plano as discussões sobre abertura comercial, acesso a mercados e questões sociais.

Esses temas, segundo Furlan, têm ficado em posição secundária nos últimos anos. “Há oportunidade de se rever o assunto”, disse. “Temos um presidente que é o legítimo porta-voz dessa desigualdade. Ele vem de um meio desigual e tem lutado a vida inteira por isso. Sua legitimidade não vem pelo cargo que exerce, mas de sua trajetória.”

Na avaliação do ministro, Lula é estimulado por dirigentes de outras nações a ser uma espécie de porta-voz dos países em desenvolvimento. “Certamente, o presidente não terá lá o papel de fazer um discurso intelectualizado. Vai realmente levar uma mensagem que vem da base que ele conhece.”

Por isso, Furlan avalia que não há oposição, mas sim complementaridade, entre o Fórum Social, que se realiza em Porto Alegre, e o Fórum Econômico. Lula comparecerá a ambos e personificará a ponte entre os dois debates, embora sua ida a Davos esteja sendo criticada por integrantes do PT e alguns líderes de organizações não-governamentais (ONGs).

“Lula está manifestando uma grande coragem. Não é fácil para um presidente recém-eleito encarar um ambiente desconhecido. Outros não tiveram essa coragem e ele, no seu primeiro mês de mandato, resolveu enfrentar esse desafio e levar uma mensagem legítima. Portanto, eu estou do lado daqueles que acham que ele tem direito, legitimidade e coragem de estar num Fórum desses. Os resultados vão mostrar qual a opinião correta”, afirmou o ministro.

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