O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse nesta terça-feira (06), que a corrente de comércio mundial não deve arrefecer, pelo menos no curto prazo, por conta da recente volatilidade enfrentada no mercado financeiro. "No curto prazo, vemos nenhum efeito (da volatilidade sobre o comércio) porque os fundamentos do crescimento da economia continuam e, ao mesmo tempo, as exportações e importações brasileiras ocorrem num ritmo de grande vitalidade", declarou o ministro, após participar da XII Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, no Hotel Renaissance, em São Paulo.

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Furlan admitiu ser, em longo prazo, ainda impossível afirmar quais serão as conseqüências das fortes oscilações dos mercados sobre a liquidez mundial de recursos para financiamento e na demanda por bens de consumo. "As pesquisas que foram feitas com as empresas brasileiras e os indicadores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostram que 2007 será um ano de crescimento do comércio, de produção e do emprego", insistiu.

Também descartou riscos de volatilidade para o mercado de câmbio como conseqüência dos movimentos especulativos no conjunto do mercado de capitais. "Não vejo volatilidade do real. Enquanto a Bolsa variou 10%, o dólar variou 2%, com saltos maiores em um dia no mercado acionário do que em 6 meses no mercado de dólar", salientou. "Os empresários japoneses destacaram aqui nesse encontro que temos tido estabilidade do real em relação ao dólar e a verdade é que o iene está variando muito mais do que real. Em termos de inflação e câmbio temos um patamar bastante estável", insistiu.

Mercosul

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Na sua participação no evento, ele pediu para que as autoridades e empresários do Japão analisem a possibilidade daquele país estabelecer um acordo de livre comércio com o Mercosul. "Pode haver uma percepção de Japão e Brasil de que o caminho dos acordos bilaterais é uma antecipação, um pré-treinamento, para a formalização de acordos de amplitude maior", argumentou, referindo-se às negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). "O Mercosul já negocia com o Grupo dos Países do Golfo Pérsico (GCC), com Índia, Egito, Israel e México", acrescentou o ministro.

Negando que fazia uma queixa, Furlan destacou que 90% das importações japonesas de produtos brasileiros referem-se a insumos primários, ao passo que outros mercados, sobretudo na América Latina, compram produtos elaborados ou semi-elaborados. "Cerca de 50% das importações japonesas de produtos brasileiros são de minérios de ferro e alumínio bruto", lamentou, explicando depois, que somente gostaria de ver outros produtos dentro da pauta de exportação, não somente os básicos.

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Furlan se esquivou das perguntas sobre sua saída do cargo, diante da proximidade da realização da reforma ministerial a ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ser indagado se deixaria o cargo, Furlan respondeu que "sim", mas, diante dos pedidos de detalhamento sobre quando entregaria o ministério, disse: "Saio quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir. Sempre foi assim". Com um sorriso, não quis aprofundar comentários sobre a saída.