Fórum da reforma agrária faz balanço negativo do governo Lula

Brasília – As entidades sociais que integram o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo anunciaram há pouco um balanço negativo no governo Lula, durante entrevista na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Segundo essas entidades, a violência no campo aumentou, com o crescimento do número de mortes e agressões a trabalhadores rurais, com a expulsão de índios de suas terras e com a retração na reforma agrária. O governo Lula segundo esses movimentos, adotou uma política econômica que prioriza o agronegócio e as multinacionais e prejudica cada vez mais a agricultura familiar.

"Embora seja um governo de esquerda, estamos profundamente decepcionados com a política social do governo Lula e com a lentidão da reforma agrária", lamentou D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

De janeiro a outubro de 2005, segundo o balanço divulgado hoje, ocorreram 37 mortes de trabalhadores rurais, ante 35 no mesmo período do ano anterior. Os assassinatos de índios foram 36, segundo o levantamento.

As entidades observam ainda que o programa de reforma agrária ficou longe de atingir a meta de assentar 115 mil famílias neste ano. Afirmam ainda que o governo mente quando diz que assentou 85 mil famílias, porque praticamente a metade dessas famílias ainda está acampada em barracos de lona, esperando o assentamento definitivo. "Essas famílias estão abandonadas à própria sorte, muitas delas sob ameaça de pistoleiros a mando de grileiros que tentam expulsá-las, por falta de políticas de segurança e de assistência do Governo federal", disse Isidoro Revers, dirigente da CPT.

Os movimentos que integram o Fórum condenaram também, de forma veemente, a ação do governo do Mato Grosso do Sul para desalojar 900 famílias de índios guarani-caiová, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Os índios estavam assentados em uma reserva já demarcada, mas o STF considerou que o decreto de demarcação foi irregular, atendendo a ação movida por fazendeiros. O despejo gerou um problema social grave.

Representantes das famílias desalojadas participaram da entrevista coletiva. A líder indígena Lea Aquino Pedro fez um relato emocionado da operação de despejo, que atingiu velhos, mulheres e crianças, todos jogados na beira da estrada, sem assistência alguma. Ela responsabilizou o governo Lula e o presidente do STF, Nelson Jobim, pelo ato de "desumanidade contra a comunidade indígena".

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