Fora do cardápio europeu

Poucos observadores e analistas do mercado de carnes alimentavam alguma esperança no prosseguimento das exportações do produto brasileiro para os países da União Européia. Depois de vários meses de negociações marcadas por dubiedades e negligências no cumprimento das exigências sanitárias dos compradores, a notícia não poderia ser pior.

A partir de hoje as exportações de carne bovina brasileira para a União Européia estão suspensas por completo e por tempo indeterminado. A informação foi liberada pelo comissário europeu de Saúde, Markos Kiprianou, dando conta que a decisão foi tomada pela Comissão Européia, órgão executivo do bloco sediado em Bruxelas, capital da Bélgica.

Kiprianou, que em outras oportunidades havia defendido os argumentos apresentados pelos exportadores brasileiros em relação às condições sanitárias da carne embarcada, dessa vez se limitou a informar que a decisão do bloco veio após a avaliação da lista elaborada pelo governo brasileiro, relacionando as fazendas produtoras de gado que estariam aprovadas para exportar para a União Européia.

Segundo os critérios apresentados pela UE ao Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), a lista deveria conter cerca de 300 estabelecimentos (3% do total), mas a Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária do citado ministério elaborou uma relação de 2.681 propriedades.

O comissário de Saúde, Markos Kiprianou, explicou que o documento foi desconsiderado pelos dirigentes da Comissão Européia e, pior, os critérios utilizados pelas autoridades brasileiras para a seleção dos estabelecimentos foram amplamente questionados. A notícia foi publicada ontem pelo site da BBC Brasil.

A dúvida maior do bloco diz respeito à realização de inspeções individuais nas fazendas de produção quanto aos problemas de ordem fitossanitária, bem como a correção das falhas detectadas em dezembro passado no sistema de rastreabilidade do gado bovino brasileiro (Sisbov), por uma missão técnica européia que esteve no Brasil.

Diante do impasse, ninguém se arrisca a fazer prognósticos sobre a duração das medidas restritivas à entrada de carne brasileira nos países do bloco europeu. As portas não foram fechadas em definitivo, porquanto nova missão técnica virá ao País no final de fevereiro. No ano passado o mercado europeu foi responsável pelo embarque de 26% do total da carne bovina exportada pelo Brasil, no valor de R$ 4,418 bilhões. Um negócio que não pode ser tratado com menosprezo.

Voltar ao topo