Fim da picada

Um dado estatístico vergonhoso e demonstrativo da crise socioeconômica, sem abstrair o deprimente conteúdo de sem-vergonhismo e desfaçatez que ataca muitas pessoas, foi dado a conhecer ontem por este jornal: uma escola é arrombada por semana no município de Curitiba.

A última escola visitada pelos ladrões foi o Centro de Educação Integral Olívio Soares Sabóia, na Cidade Industrial, um dos pontos críticos no mapa da violência urbana. Os marginais não perdoam nem material didático, a rigor sem a menor serventia para os fins a que se destina o produto de um assalto, porque a crônica policial ainda não conseguiu identificar receptadores de livros escolares, cadernos, réguas e compassos. É o fim da picada.

Segundo fontes da Prefeitura não há como segurar a ação dos assaltantes, que conseguem tornar sem efeito qualquer medida de segurança, como portas de ferro, grades, cadeados e alarmes. Como não há dispositivos claros nessa questão e, provavelmente, recursos, as escolas não contam com vigilantes noturnos e nos finais de semana.

Aliás, o argumento foi explicitado na reportagem de Elizangela Wroniski, ouvido de Cilos Roberto Vargas, diretor do Departamento de Logística da Prefeitura de Curitiba – o nome dado ao setor é de uma imponência a toda prova -, para quem essa é uma despesa muito elevada. Seria importante declarar aos munícipes quais os tipos de ações logísticas desenvolvidas pela Prefeitura e o valor de cada uma.

O diretor acrescenta que a vigilância é feita pela Guarda Municipal nos horários de funcionamento das escolas e durante a noite por empresas de segurança contratadas. Caso o alarme dispare se alguém entrar na escola, guardiões da empresa entram em ação. Mas, se o bandido consegue desligar o alarme…

A polícia deverá alegar a mesma precariedade, a recorrente falta de soldados e veículos, enquanto o patrimônio público ou privado, e o que é mais difícil de suportar, as pessoas ficam à mercê do vandalismo criminoso da pior espécie.

Num sistema arquitetado para arrecadar cada vez mais, cujo funcionamento tem a precisão de um cronômetro suíço, a presença do governo nas áreas de degradação social é uma quimera.

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