FAB planeja fábrica para produzir substituto do Bandeirante

A Força Aérea Brasileira (FAB) pretende construir um pólo industrial em São Paulo, alternativo à Embraer, para fabricar o substituto dos aviões turboélice Bandeirante. O projeto nasce com uma encomenda de pelo menos 100 aeronaves. A frota de Bandeirantes da FAB – que será aposentada progressivamente a partir de novembro do ano que vem – é de 110 unidades.

No mercado, as novas aeronaves custam de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão no total. O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer) não informou o valor do projeto, mas afirma que com a fabricação própria o custo final será "significativamente menor".

Embora o processo de licitação ainda não tenha começado, já há um modelo mais cotado para substituir o Bandeirante, que deixou de ser fabricado pela Embraer em 1990: é o espanhol Casa 212-400, da Eads. "Há outras propostas, mas, em função das características, a do Casa é a que está mais aprofundada", disse um oficial do Cecomsaer.

A idéia de um segundo pólo industrial aeronáutico surgiu no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando a Embraer, já privatizada, resistiu à vontade da Aeronáutica em certos projetos militares. O plano do novo turboélice prevê a instalação de uma linha de produção no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo, o Campo de Marte, na capital. A FAB teria licença do fabricante estrangeiro para montar o equipamento com pessoal próprio. Segundo o Cecomsaer, o projeto "tem a orientação e o incentivo do governo federal" e prevê parcerias com fabricantes de peças do Brasil e de outros países da América do Sul.

"Com a aquisição de novos conhecimentos, tanto na área de material quanto na de recursos humanos, a concretização desse projeto será um importante fator de geração de empregos, a partir da participação das indústrias aeronáuticas brasileiras", justificou o Cecomsaer.

Questionada pela reportagem na semana passada sobre a exigência ou não de licitação para o projeto, a Aeronáutica disse que não haveria necessidade por se tratar de "fabricação", e não de "aquisição". Após alguma insistência por maiores esclarecimentos, na segunda-feira a FAB informou, sem detalhes, que haverá, sim, uma concorrência.

A Eads afirmou inicialmente que não tinha projeto com a FAB para substituir os Bandeirantes. Mas, após a própria FAB revelar que estava avaliando o modelo da Casa, a empresa declarou que "neste momento não vai se pronunciar a respeito do assunto."

Espinha dorsal da FAB, o cargueiro leve Bandeirante é usado em missões como as de entrega de medicamentos em regiões distantes e operações de salvamento. Para substituí-lo, a FAB busca uma "aeronave turboélice robusta, que possua asa alta e trem de pouso fixo, de fácil manutenção, ampla capacidade de integração de diversos sistemas, possibilidade de operação em pistas curtas e não pavimentadas."

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