Exigência do uso de terno no Planalto é revogada

A exigência do uso de terno e gravata dos homens que visitam o Palácio do Planalto foi revogada hoje pelos sindicalistas que se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no gabinete presidencial. De bermudas, camisetas, tênis e meias soquetes, alguns até com bonés, dirigentes sindicais como os presidentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, e da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, romperam a tradição das roupas sérias cumprida por todos os governos e subiram do jeito que estavam ao terceiro andar do Planalto, onde fica o gabinete de Lula.

Antes de se encontrarem com ele, Marinho e Paulinho deram entrevistas no saguão do palácio. O deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, juntou-se ao grupo. Como era o único que estava de terno e gravata, foi provocado pelos outros, que estavam mais à vontade.

Vicentinho respondeu, ao mesmo tempo em que olhava para as pernas do presidente nacional da CUT: "Mas que pernas brancas hein Marinho?" As bermudas e camisetas foram usadas pelos sindicalistas durante a marcha de três dias, iniciada segunda-feira (13), em Valparaíso (GO), e encerrada no Palácio do Planalto. A marcha foi feita em combinação com a administração federal para que Lula anunciasse a decisão de reajustar o salário mínimo de 260 para 300 reais, a partir de 1.º de maio, e a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) em 10%.

Os ternos e gravatas freqüentaram o centro de uma crise política entre o Poder Executivo e estudantes. Durante a gestão do marechal Costa e Silva, uma comissão de alunos foi até o Planalto falar com o Costa e Silva. Como nenhum dos visitantes tinha paletó nem gravata, funcionários do Executivo emprestaram os que usavam. Mas não conseguiram encontrar um para o hoje jornalista Franklin Martins, da Rede Globo de Televisão, que tem mais de 1,90 metro de altura. Os alunos ameaçaram não subir sem a presença de Martins.

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