?Esta atitude do Governo do Paraná é elogiável porque reconhece que as pessoas foram prejudicadas material e moralmente no período da ditadura?. Foi assim que Políbio Adolfo Braga, de 63 anos, definiu o pagamento de indenizações pelo Estado aos ex-presos políticos. Ele, que esteve preso por duas vezes em Curitiba, foi uma das 92 pessoas que tiveram o seu pedido de ressarcimento deferido pela Comissão Especial de Indenização a Ex-Presos Políticos.
Braga, que mora em Porto Alegre, contou que decidiu protocolar um processo em favor da indenização por causa da legislação, que propiciava esta chance para pessoas que se sentiram prejudicadas por causa das condenações da época da ditadura. Para ele, um dos campos mais afetados em sua vida foi a sua carreira profissional, no jornalismo. Mais recentemente ele editou um livro, no qual compilou os registros de dois diários que escreveu nos períodos em que esteve preso.
O advogado Antônio de Araújo Chaves, hoje com 65 anos, classificou o pagamento das indenizações como ?um gesto simbólico de reparação?. Na época da ditadura militar, ele teve o seu nome envolvido em dois processos. Num deles, foi absolvido. No outro, foi condenado a um ano e meio de prisão. Isso por conta das suas atividades contra a ditadura quando era um líder universitário, como passeatas e entrega de panfletos. Os 18 meses de cárcere foram cumpridos em dois locais: oito meses em Curitiba e o restante em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
O espanhol Honório Delgado Rubio chegou ao Brasil em 1956. Hoje, ele tem 79 anos. Em 1975, foi preso enquanto trabalhava em sua livraria, em Curitiba. Sua mulher estava fora do país e os filhos na escola. Para avisar os filhos sobre o que acontecera, deixou um bilhete na porta do seu estabelecimento comercial. Ao todo, ele permaneceu 75 dias na prisão. Os motivos que o levaram a pedir a indenização ao Governo do Paraná foram os prejuízos que teve após a prisão, como o fato de ter tido de fechar a sua livraria.
Segundo ele, ?graças ao governador Roberto Requião os ex-presos políticos puderam ter acesso aos papéis da DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) ? que hoje estão guardados no Arquivo Público ? e puderam reaver os seus direitos?.


