Ex-dirigente do Partido dos Trabalhadores faz relato sobre a entrevista na CPI

O ex-dirigente do PT Silvio Pereira iniciou seu depoimento fazendo um relato de como transcorreu a entrevista ao jornal "O Globo" que foi editada no último domingos. Segundo ele, a jornalista Soraia Aggege apareceu na sua residência sem que ele esperasse. Ele disse que imaginava que era outra pessoa. Ela justificou que queria apenas fazer um perfil de Pereira. Pereira respondeu que não queria que ela fizesse o perfil e que seria melhor "esquecer que ele existia".

Em seguida, permitiu que ela entrasse no apartamento. Conforme seu relato, a jornalista teria insistido para que ele falasse para a elaboração do perfil. Voltou a negar, dizendo que não poderia atendê-la porque teria uma reunião de trabalho. Nisso, a jornalista perguntou sobre o carro (a Land Rover que recebeu da empresa GDK) que, segundo ela, petistas teriam dito que ele não teria devolvido à empresa. Ele mostrou documentos à jornalista comprovando a devolução do carro e disse que foi a primeira vez que ele ficou alterado com a jornalista.

A jornalista insistiu para que ele falasse sobre o perfil. Ele respondeu que conversasse com os petistas que o conheciam. Ela retrucou que já o tinha feito e que somente uma pessoa fez a defesa dele. "Ficou assim a primeira conversa".

Mais tarde, o ex-secretário disse ter ligado para jornalista e chamou-a para conversar no apartamento. Nessa conversa, contou, ele falou sobre seu patrimônio que disse ter ficado mal explicado no seu primeiro depoimento à CPI dos Correios, ano passado. "Tenho muito orgulho do que possuo", disse. Informou que o apartamento dele foi financiado pelo Bradesco por oito anos e deu dois carros para pagar a entrada. Também disse ter explicado sobre sua casa na praia mas não detalhes à CPI.

A partir daí, segundo seu relato, ele começou a falar sobre os episódios em que estava envolvido. "Dizia para ela que estava tudo errado o que estava acontecendo, o papel que estavam atribuindo a mim. Falei bastante para ela".

Afirmou que não leu até o momento a entrevista.

Os dois marcaram um novo encontro para o dia seguinte, onde ela mostraria o texto com o perfil. No encontro seguinte, contou, ela não perguntou nada. "E eu continuei falando, falando falando". Por volta das oito da noite, ligou para a jornalista para que ela permitisse que ele lesse o perfil. Ele não deixou claro quando ela mostrou o texto. Quando viu que estava no formato da entrevista, ele reclamou que não tinha dado entrevista mas apenas explicado a situação dele. Ela respondeu que ele não definiu se era on ou off o que estava dizendo.

A partir daí, contou, ficou um clima tenso. "Eu tentei me controlar, tentava conversar, mas daí eu entrei em crise". Ele não deu detalhes de como foi a crise. Disse que a jornalista saiu do apartamento e o zelador subiu. "Aí eu já estava anestesiado, mais calmo"

O ex-secretário-geral afirmou que achava que a jornalista ficou com medo e ele disse que não faria nenhum mal a ela e permitiu que ela pegasse as coisas dela, inclusive um documento dele que mostrava como era feita a distribuição de cargos no governo. "Não vou te fazer mal nenhum. Nunca fiz mal para ninguém", disse Sílvio à jornalista, conforme seu relato.

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