Evasão escolar gera exclusão social

A inclusão social está diretamente ligada à inclusão educacional. Ontem, em Curitiba, durante o evento Capacitar para Incluir, organizado pela Secretaria de Inclusão Educacional (Secrie), do Ministério da Educação (MEC), a diretora de programas da Secrie, Magdalena Queiroz, revelou que no Brasil 3% das crianças que deveriam estar matriculadas no ensino fundamental estão fora das salas de aula. No ensino médio, o problema é considerado ainda mais grave: 20% dos adolescentes estão fora da escola.

Os maiores registros de evasão escolar são verificados nas regiões rurais. A principal causa costuma ser a necessidade de complementação da renda familiar. Assim, para ajudar no sustento da família, as crianças e adolescentes acabam deixando a escola e trabalhando na roça, como empregadas domésticas em casas de família, como catadoras de papel, entre várias outras funções.

Há alguns anos, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) vem destinando uma certa quantia em dinheiro a famílias que mantêm seus filhos na escola, tirando-os do trabalho. A intenção é que, para essas famílias, o dinheiro pago pelo Peti substitua o adquirido pelas crianças trabalhadoras. “O Peti tem se mostrado um programa bastante eficiente, mas só ele não basta para evitar a evasão escolar”, acredita Magdalena.

Segundo a diretora, a escola, ao reprovar várias vezes um aluno, acaba desmotivando-o e também sendo um fator de exclusão. A solução estaria na construção de um sistema educacional mais criativo e inovador. “A escola deve se tornar mais atrativa às crianças e adolescentes, oferecendo educação complementar, que inclui atividades artísticas, esportivas e mesmo de reforço escolar”, afirma.

O evento da Secrie termina hoje, às 12h, no Hotel Inter Palace com apresentação do grupo folclórico Maracatu.

Universidade debate inclusão

Também ontem, no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi aberta a Semana de Inclusão e Cidadania da UFPR, que discute inclusão no ensino superior. O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Jocelino de Menezes, revelou que nas universidades públicas é grande a exclusão econômica e, conseqüentemente, a social. Nelas são aprovados, na maioria, pessoas que tiveram condições financeiras de estudar grande parte da vida em escolas particulares. Pobres e negros acabam excluídos.

“A exclusão do negro não é símbolo apenas da segregação racial, mas da segregação econômica”, afirma o secretário. Abordando a adoção de sistemas de cotas para negros e estudantes de escolas públicas nas universidades públicas, Jocelino acredita que as cotas minimizam o problema da exclusão educacional no terceiro grau, mas não o resolvem. “As cotas são um medicamento burocrático, mas que não resolvem a doença congênita que existe na sociedade brasileira”, diz. “A inclusão econômica, social e educacional só ocorrerá quando houver geração de emprego e renda aos excluídos.”

O evento da UFPR encerra-se na próxima sexta-feira. 710 trabalhos científicos de professores e alunos devem ser apresentados à comunidade como resultado das pesquisas desenvolvidas dentro da universidade. (CV)

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