EUA perdem mercado e acusam Brasil de esconder soja trangênica

Embora oficialmente a distribuição e a comercialização de produtos produzidos por técnicas de biotecnologia sejam proibidos no Brasil, fontes da indústria norte-americana estimam que a soja geneticamente modificada chega a ocupar 60% da área plantada no País, segundo o economista James Stamps.

Em artigo publicado na Revista de Economia Internacional da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, ele diz que “as informações dão conta que produtores, principalmente no sul do Brasil, plantam soja modificada e não-registrada a partir da Argentina”, diz o economista.

A afirmação bate de frente com uma das maiores vantagens comparativas do Brasil na competição pelo mercado mundial de soja. Por ser livre de soja transgênica, o País conseguiu ser o principal fornecedor da União Européia, que prefere produtos não-transgênicos, tirando os Estados Unidos da liderança.

As vendas de soja norte-americana para a União Européia caíram de US$ 2,3 bilhões em 1997 para US$ 1,1 bilhão em 2001. O país é o maior produtor mundial de soja e cultiva o produto modificado, bem como Argentina, Canadá, China e outros.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, não-transgênica, oficialmente. Em 2000, somente para a UE vendeu 7,344 milhões de toneladas (64% de grãos exportados). Em 2001, o volume cresceu para 9,701 milhões de toneladas.

Procurada pela Agência Estado, a Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove) informou que nada tem a dizer sobre a acusação de que 60% da soja brasileira são alguma de variedade obtida por engenharia genética.

Stamps também critica as contradições na política de importações de transgênicos. Primeiro, o governo ainda não deu parecer final sobre a autorização para importar a tecnologia de produção de sementes Round-up Ready, da Monsanto. Mas, ao mesmo tempo, a agência reguladora aprovou em 2000 a importação de milho transgênico para suprir a indústria avícola e suína. “A autorização foi uma contradição e um confronto a uma decisão judicial anterior que proibia as importações”, finalizou o economista.

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