ETA diz que processo de paz está em crise na Espanha

O grupo separatista basco ETA disse nesta quinta-feira (18) que o processo de paz iniciado há cinco meses com sua declaração de trégua encontra-se em crise, acusando os políticos espanhóis de não terem interesse em pôr um fim ao conflito.

Em uma declaração enviada ao jornal pró-separatista Gara, o ETA ameaçou voltar a atacar caso o governo socialista espanhol e o Partido Nacionalista Basco (PNV, por sua sigla em espanhol) continuarem com o que considerou "uma repressão aos grupos de esquerda independentes", ao que parece em referência aos atos contra a proscrita ala política do grupo, o partido Batasuna.

"Se os ataques contra a Euskal Herría (nação basca) continuarem, o ETA responderá", diz a declaração. O ETA também reiterou uma acusação no sentido de que o governo espanhol aceitou uma "trégua" em conversações que levaram a um cessar-fogo, mas as autoridades não cumpriram com sua parte no acordo.

O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou formalmente à Assembléia Nacional (Congresso), no final de junho, que o governo dialogaria com o ETA com o objetivo de conseguir sua dissolução, mas insistiu que não faria concessão alguma na questão da independência basca.

Em setembro, o governo deverá informar ao Congresso sobre os avanços dentro do processo de paz. Zapatero já havia comunicado à população espanhola que o processo duraria vários anos.

Em sua declaração de hoje, o ETA acusou o governante Partido Socialista e o PNV, que governa a região nortista, de atrasarem o andamento do processo de paz. Afirmou que ninguém nos dois partidos tem interesse em negociar mudanças reais sobre o status do País Basco dentro da Espanha e que os socialistas apenas querem fazer história, ao pôr um fim a décadas de conflitos, tratando de "converter o processo em um mero instrumento para continuar no poder".

Neste sentido, o grupo afirmou que o processo de paz "encontra-se em evidente situação de crise". O gabinete de Zapatero negou-se a comentar a declaração, a quinta emitida pelo ETA desde o fim da violência terrorista.

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