Estão enricando

A maledicência da campanha eleitoral pegou o dado inconteste de que Lula é o mais rico dos candidatos para tentar manchar o seu vitorioso nome como pretendente à reeleição. Ele tem um patrimônio de cerca de 800 mil reais, enquanto o principal candidato oposicionista, Geraldo Alckmin, é dono de algo como a metade do que possui o ex-torneiro mecânico. E veja-se que Lula nada herdou, porque é filho de gente paupérrima e sempre esteve na camada excluída dos sem teto, sem escola, sem emprego decente. Já Alckmin coleciona títulos: é médico, foi vereador, prefeito, deputado (várias vezes) e governador do maior e mais poderoso estado brasileiro.

Como os políticos brasileiros gozam de quase generalizada má fama, a opinião pública tende a acreditar que o mais rico e o mais pobre são, ambos, corruptos. Só que o mais bem sucedido é, na corrupção, mais competente do que o outro.

Nada disso existe ou, se existisse, no que não acreditamos, não tem o tamanho de escândalo que se insinua. Tudo é manobra para tentar ganhar as eleições no tapetão.

Lula ser o candidato mais rico, com uma ?fortuna? de 800 mil, e Alckmin, um classe média alta com a metade do patrimônio do seu contendor, não revela nada extraordinário. No caso de Lula, principalmente, pois ele esteve na política sindical, na partidária e no poder público há décadas, sempre ganhando bem e com mordomias que são próprias da nossa vida pública e não foram por ele inventadas. Se não aproveitasse, seria burro. E de burro o presidente não tem nada. Pelo contrário, revelou ser um dos mais vivos deste País.

Nesse tempo tão longo de militância, bastaria dançar bem e no ritmo da ciranda financeira e o dinheiro cresceria até o nível da maior, porém ainda modesta ?fortuna? que tem, superior à do candidato adversário.

Lula e Alckmin nunca foram apontados como protagonistas de nenhuma maracutaia. Lula foi alvo de algumas suspeitas, mas prova provada não apareceu nenhuma. No mais, existem políticos até em modestos cargos de vereador em câmaras de vilarejos que são podres de ricos. E também políticos comprovadamente podres e nunca pobres. Agora, surgem novos números para reforçar essa insidiosa campanha de maledicência. Verifica-se que dos partidos políticos expressivos, o PT, partindo de um patamar modesto, foi o que mais enriqueceu. Seu patrimônio deu um banho na inflação, subindo 83,7%. O IPCA foi de 27,2%. O partido dos mais ricos, o PFL, não deve entrar nesse ?ranking?, pois teve um crescimento patrimonial irrisório, considerando-se que sempre foi a agremiação da turma do dinheiro. De gente de fortuna pessoal, de grandes herdeiros de fortunas familiares, de grupos empresariais e consolidados currais políticos. No ?ranking? dos que mais enriqueceram ganha o PT e depois vem justificadamente o PFL. Depois, o PMDB e o PSDB.

O patrimônio médio dos petistas que venceram as duas eleições pesquisadas foi de R$ 102,7 mil em 1988 e de R$ 188,5 mil em 2002, o que não revela, necessariamente, hábeis mãos leves. Pode ser que esse enriquecimento resulte de competência para dançar a ciranda financeira de acordo com a música e dentro do ritmo. Tudo isso está no livro Políticos do Brasil, da PubliFolha, uma espécie de ?ranking? Forbes da turma que disputa o poder no Brasil.

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