Esperança ou medo?

As portas e janelas de 2002 fecharam-se com as perdas de Orlando Vil-las-Boas, Chico Xavier, José Lutzemberger, Mario Lago, Yara Cortes e Carlos Zara, entre inúmeros outros vazios que se perpetuarão. Além das barbáries que atingiram Tim Lopes e Celso Daniel.

Mas também tivemos os louros das vitórias de Ronaldo e da “família Scolari”, com o pentacampeonato, o vice-campeonato do Rubinho, culminando com a “estrela fulgurante” do PT, que elegeu o presidente-operário.

Apesar disso, o brasileiro continua com medo. Medo, principalmente, da violência e da criminalidade, como atestam os resultados de pesquisa tabulada pela Fundação Getúlio Vargas.

Esta foi uma péssima maneira de abrir a porta de 2003! Mas o que vemos nos meios de comunicação nos atordoa: é violência por todo o lado, aqui e lá fora.

Mas o medo não é só da violência, do banditismo, do crime perverso, do ataque cruel: o medo é da conjuntura atual. O desemprego, a falta de comida, o dinheiro escasso, a saúde precária, o dragão da inflação voltando a passos largos. Tudo isto amedronta e deixa em estresse o País e seus moradores.

Mas o ano de 2003 também aponta com luzes no túnel: uma nova égide de dirigentes assume o comando nacional. Em Luiz Inácio (o Lula) estão sendo depositadas as expectativas de parcela representativa da pátria amada.

Não nos iludamos! O Brasil, com seus mecanismos de mercado, seus agentes econômicos e sociais, seu nível de dependência financeira externa e interna, não permitem rupturas! Não há muitas soluções a saírem da cartola de um mágico, pois os recursos são minguados, ou se não o são, já estão todos comprometidos.

Então, não é a estrela petista e a nova elite dirigente (pois o PT passa a ser a elite dirigente!) que farão esta mudança tão radical neste País miserável (50 milhões de pessoas passando fome!) e dependente (mais de 60% do PIB de endividamento).

O que se espera é a implementação de alguns mecanismos diversos e mais transparentes, na busca da melhor distribuição de renda e atendimento da redução da exclusão social. O combate à fome é um bom começo! Deixando a política de lado, o que queremos de 2003 é que o medo não vença a esperança!

Queremos continuar tendo esperança em dias melhores, em tranqüilidade para andar pelas ruas, em conseguir um emprego para os pais e mães de família que o procuram, em ter mais escolas e melhores hospitais e médicos.

E, além disto, matando o dragão inflacionário na primeira esquina do ano novo que chega, pois esta pode ser a maior desgraça a nos atordoar no novo governo.

Enfim, que 2003 seja melhor para todos nós. Sem medo. Com esperança…

Vilson Antônio Romero

é jornalista, auditor fiscal do INSS, diretor da Associação Gaúcha dos Fiscais de Previdência e da Associação Riograndense de Imprensa. E-mail:
romero@anfip.org.br

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