Especialistas defendem participação do MP em investigações

Duas das principais autoridades mundiais de combate ao crime organizado, o procurador nacional Antimáfia da Itália, Piero Luigi Vigna, e o presidente da Primeira Comissão do Conselho Superior de Magistratura daquele país, Giovanni Salvi, afirmaram hoje que a investigação do Ministério Público (MP) é fundamental para que o enfrentamento desse tipo de crime seja efetivo. A expectativa é de que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue amanhã (1º) a ação que tira essa prerrogativa do Ministério Público.

Vigna e Salvi vieram ao Brasil para participar do Encontro Internacional de Combate à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos, que será aberto amanhã (1º) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Um dos objetivos do encontro, que será encerrado na quinta-feira (2), é destacar a importância da luta internacional de prevenção e combate à lavagem de dinheiro.

Em entrevista, os especialistas explicaram o funcionamento do sistema italiano, em que o Ministério Público, e não a polícia judiciária, dirige as investigações. ?A polícia é obrigada a comunicar a notícia de um crime ao Ministério Público imediatamente e, a partir desse momento, a direção das investigações é do Ministério Público. Naturalmente, a polícia judiciária continua as investigações, mas informando continuamente ao ministério, que pode intervir diretamente?, explicou Salvi. Ele lembrou que, dessa forma, o trabalho se torna mais eficaz.

O procurador nacional Antimáfia da Itália destacou a importância de o MP ser um órgão independente e autônomo, para que, de fato, a Justiça possa ser igual para todos. Piero Vigna afirmou ainda que é preciso investir em medidas preventivas, que englobam desde a educação nas escolas, para disseminar entre os jovens ?o sentimento de legalidade?, até a redução do número de desempregados, por meio de uma ?economia transparente?.
No entendimento de Vigna, a mídia também tem papel fundamental nesse processo. ?O controle da imprensa é uma coisa muito grave. Controlando a imprensa se controla o sociedade e também o voto?, observou o italiano, ao chamar a atenção para os riscos que esse tipo de controle pode trazer à democracia.

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