Grande parte dos governos inicia seus programas de combate à aids sem desenvolver um sistema de monitoramento, ferramenta essencial para o uso adequado dos recursos.

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A avaliação é do diretor de monitoramento e avaliação do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), Paul de Lay, que aponta problemas nas iniciativas existentes. Embora cerca de 80% dos países façam levantamento dos dados para estabelecer prioridades e nortear ações para o enfrentamento da epidemia, muitos dos sistemas, observa o especialista, têm deficiências.

"A maioria dos países começa os programas sem saber quais são os principais problemas, quantas pessoas fazem parte dos grupos de risco, onde estão, o que fazem, quais os níveis de risco a que estão expostos", diz Paul de Lay, em entrevista durante a oficina coordenada pelo Centro Internacional de Cooperação Técnica em parceria com o Unaids para discutir, com a participação de 14 países, novas formas de diminuir o impacto do HIV/Aids no mundo.

Exemplos

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Segundo exemplifica, se um país decide concentrar-se na prevenção por meio de campanhas informativas, é necessário buscar dados e calcular custos. Caso a meta sejam os adolescentes, é preciso saber quantos estão na escola, para que sejam desenvolvidas atividades dentro dos estabelecimentos. Além disso, é importante saber quantos estão fora da rede de ensino e quem são, se têm ou não comportamento de risco, para, diante disso, detalhar cada passo do programa.

Ainda que seja um tanto óbvio buscar as respostas que um sistema de monitoramento pode dar, muitos países não estão aplicando a ferramenta de forma eficaz nem antes e nem no início de seus programas.

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"Eles não pensam muito sobre isso. Talvez porque imaginem que todo programa é igual. Mas cada um tem uma realidade", diz, ressaltando a importância de aplicar o sistema no início do programa, para que se estabeleça o modo de fazer, e ao final, para que as ações que não estão dado resultado possam ser substituídas.

"Você não pode tomar decisões sobre o programa apenas baseado em informações básicas", diz Paul de Lay. "Sabendo dos custos, das metas pretendidas e dos serviços existentes podemos ter uma idéia de qual é o melhor uso do dinheiro. E onde o dinheiro pode ter um impacto maior. Sem a definição de custos e uso adequado, vamos precisar de duas vezes mais recursos."

Publicações

Paul de Lay salienta que, ao contrário do que se possa imaginar, o monitoramento não é um bicho-de-sete-cabeças e consome em torno de 3% a 5% do orçamento do programa de combate à aids. A Unaids tem publicações específicas sobre o assunto, orientando sobre a importância, a viabilidade e a facilidade do sistema. "É um bom investimento, pois se você gasta esse porcentual para fazer o monitoramento, em troca garante que todo o restante do dinheiro vai ser gasto adequadamente", observa.

A situação é ainda pior quando se trata de sistema de avaliação dos programas. Apenas 20% dos países, informa Paul de Lay, desenvolvem iniciativas para saber as razões pelas quais o que está sendo feito pelo governo está dando resultados positivos ou abaixo do esperado. "Neste caso os custos são muito maiores. Além disso, as dificuldades são bem maiores, pois é como se fosse uma pesquisa. E, para isso, precisamos de especialistas, acadêmicos."