Escola de Polícia treina novas turmas de investigadores e escrivães

Cerca de 230 novos policiais civis estão sendo treinados pela Escola Superior de Polícia Civil. São 49 escrivães e 190 investigadores que começaram as aulas em fevereiro e terminam em julho. São em média 750 horas/aula ministradas durante os três períodos do dia. ?A atividade deles é muito intensa porque temos que aproveitar o melhor que eles têm a oferecer num menor espaço de tempo, otimizando os custos de estadia e agilizando o período para que eles possam trabalhar logo?, explicou o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

Os futuros policiais têm aulas teóricas de temas como direitos humanos e legislação, além de práticas, como uso legal da arma de fogo e combate. Como a transferência de policiais de uma delegacia para outra é freqüente, além dos assuntos inerentes a todos, são ministradas aulas sobre cada delegacia especializada, como Estelionato e Desvio de Cargas, Delegacia de Homicídios e Furtos e Roubos.

O conceito de polícia comunitária também já está sendo repassado às novas turmas em aulas teóricas. O Geoprocessamento ? Mapa do Crime – é outra ferramenta atual da polícia e que também faz parte da grade curricular das aulas. ?O Mapa do Crime é uma ferramenta de inteligência que precisa ser estudada para poder ser usada estrategicamente. Para eles, entrar em contato com este sistema desde já estimula o raciocínio estratégico?, afirmou o secretário.

A investigadora Meiri Ferreira de Oliveira, 42, que veio de Maringá para receber o treinamento acha que a escola é bastante exigente e se surpreendeu com as aulas. ?Meu ideal era ser investigadora, porque meu marido é policial civil e despertou em mim a paixão por este trabalho. O curso exige muito esforço, mas é melhor do que eu pensei e estou satisfeita com esta escolha?, relatou. A diretora da escola, Charis Negrão Tonhozi, disse que, assim como Meiri, muitos outros candidatos vêm trabalhar para a polícia por vocação. ?A maioria de nossos alunos vem porque tem aquele sonho de menino de um dia ser policial e eles realmente se destacam por isto. Existem também os que procuram na polícia uma estabilidade financeira, mas aqui eles aprendem a respeitar a profissão e só ficam os que realmente gostam, porque não é fácil ser policial?, relatou.

Limites da profissão

Esta semana, os alunos participam da Jornada Nacional de Direitos Humanos em Segurança Pública. O projeto é da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) e está sendo implantado em todos os Estados, para as novas turmas de policiais civis e militares. Para Rosa Maria Gross de Almeida, uma das orientadoras do curso, a idéia não é discutir os direitos humanos da população, mas os do policial. ?Aqui, pretendemos proteger o próprio profissional e trabalhar sua auto-estima?, disse.

Segundo ela, o policial tem que saber qual é exatamente o limite do seu trabalho. ?O serviço dele começa e termina nas fronteiras da lei. Seu papel é exclusivamente fazer cumprir a lei. O problema é que a sociedade joga no colo dele a carga de todos os problemas de violência e ele acredita que tem esta responsabilidade. Mas quando o policial tem que atuar, muita gente já falhou antes?, concluiu.

Segundo ela, o curso tem o objetivo de preparar psicologicamente o policial para enfrentar este tipo de acusação. ?Uma vez conversei com um policial e ele contou para mim que havia prendido, em uma semana, sete vezes o mesmo menino. Em todas as vezes a justiça o soltou. No fim, ele falou que a vontade era fazer justiça com as próprias mãos, porque a população olhava para ele o acusando de não fazer nada para melhorar. É exatamente este tipo de efeito que queremos combater?,afirmou.

O novo investigador de polícia Luiz Renato Martins, 41, acompanhou a jornada e disse que se surpreendeu com o tema. ?Não pensei que o curso defenderia a integridade policial e achei importante a discussão sobre esta frustração que muitas vezes poderá ocorrer, de não podermos ir mais além. Não estamos aqui para sermos justiceiros?, disse. Martins aguardou sete anos para conseguir entrar para a Polícia Civil e disse que valeu a pena esperar. ?O curso é mais do que eu almejava?, finalizou.

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