Erros de arbitragem ressuscitam polêmica sobre vídeo

Roberto Schmidt/AFP

Dois graves erros cometidos pelos árbitros neste domingo, na Copa do Mundo, reavivaram a polêmica sobre o uso do vídeo e de outros recursos eletrônicos para impedir erros e injustiças no futebol.

Na primeira partida do dia, o inglês Frank Lampard fez um golaço que o árbitro ignorou por não ver a bola ultrapassar a linha; e no segundo jogo o argentino Carlos Tevez anotou em claro impedimento.

No caso de Lampard, a bola bateu no travessão e entrou uns centímetros no gol, antes que o goleiro alemão Neuer a recuperasse com as mãos, mas o árbitro uruguaio Jorge Larrionda não validou.

O incidente ocorreu aos 38 minutos, e o gol deixaria o jogo empatado em 2 a 2. A Inglaterra foi para o intervalo perdendo (2-1) e acabou goleada por 4 a 1.

Já Tevez abriu o placar para a Argentina aos 26 minutos do primeiro tempo, em claro impedimento na pequena área mexicana.

O árbitro italiano Roberto Rosetti validou um gol e os mexicanos correram para reclamar, e após muita discussão, que incluiu a consulta ao auxiliar, o juiz decidiu validar.

Os argentinos venceram a partida por 3 a 1.

No caso da Inglaterra, o erro provocou uma avalanche de críticas e pedidos para que se use a tecnologia para elucidar casos polêmicos.

O capitão do English Team, Steven Gerrard, estimou que a Fifa precisa reconsiderar sua proibição: “não sou especialista, não sei se a tecnologia” aplicada “na linha do gol” poderia mudar as coisas, “mas a tecnologia hoje nos daria o gol” e “muita confiança para vencer os alemães”.

“É incrível que em uma época com tanta tecnologia os árbitros não sejam capazes de decidir se foi ou não gol”, afirmou o técnico da Inglaterra, o italiano Fabio Capello.

“Nós cometemos alguns erros que temos que pagar, mas o erro mais grosseiro foi o do árbitro. São detalhes que decidem o resultado”, acrescentou o italiano.

O gol foi tão claro que até o próprio técnico da Alemanha, Joachim Löw, viu-se obrigado a reconhecer que era válido, apesar de não entrar na polêmica.

“Pelo que vimos na televisão, a bola estava além da linha. O gol teria que ter alterado o placar”, admitiu Löw.

Já o gol em impedimento de Tevez foi qualificado de “punhalada” pelo técnico do México, Javier Aguirre, que acredita que o erro mudou a história da partida.

“Houve um antes e um depois do gol (ilegal), e quando estávamos nos recompondo, tomamos o segundo. Foram dois erros que mudaram a partida de forma dramática”.

“É preciso escolher um técnico por quatro anos, ir amadurecendo e manter um programa (…) e aí ficamos por uma punhalada”.

Já o polêmico técnico argentino, Diego Maradona, justificou o erro de Roberto Rosetti afirmando que o pior foi ter permitido a dura marcação sobre Leo Messi.

“Não deixaram Messi jogar e o pegaram com terríveis ‘patadas’, mas o árbitro não disse absolutamente nada”, declarou Maradona à imprensa ao ser perguntado sobre o impedimento de Tevez.

A curiosidade ficou por conta da decisão das casas de apostas britânicas, que decidiram pagar o gol de Lampard, que rendeu um rateio de 10 para 1.

A Graham Sharpe vai ter que pagar cerca de 100.000 libras (R$ 266 mil) pelas apostas referentes ao gol que poderia ter empatado o jogo.

“Até (o presidente da Fifa) Joseph Blatter sabe que Lampard marcou, e por isso começamos a pagar quem apostou nele”, afirmou William Hill, assessor da casa.