Empresário diz que tomou sozinho decisão de gravar ex-funcionário dos Correios

O empresário Arthur Washek Neto disse hoje que considera o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho "falastrão" e "bravateiro". Em depoimento à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção nos Correios, Washek afirmou que tomou sozinho a decisão de gravar Marinho recebendo R$ 3mil de supostos empresários. Durante a gravação, Marinho revelou também um suposto esquema de corrupção nos Correios envolvendo o PTB.

Washek disse também que tomou a decisão de fazer a filmagem porque se sentia prejudicado por Marinho em algumas licitações. Segundo ele, Marinho qualificou sua empresa de "picareta" e "firminha" e deu prioridade a grandes empresas. Além disso, observou Washek, durante a gestão de Marinho, nenhuma empresa foi multada, mesmo quando apresentava problemas. "As firmas gostaram da impunidade", afirmou.

O empresário contou que, a partir daí, decidiu fazer uma investigação particular para tentar provar os possíveis atos ilícitos praticados por Maurício Marinho. No depoimento, Washek disse que nunca viu ninguém dando dinheiro ao ex-funcionário dos Correios, mas afirmou que Marinho recebia vantagens da execução dos contratos. Washek Neto chamou para ajudá-lo Joel Santos, que fez a gravação, e Jairo Martins, que tinha o equipamento necessário.

Foram feitas duas gravações. Na primeira, Arthur Washek Neto disse nada grave foi revelado e que o nome de deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e familiares foi mencionado. Na segunda gravação, que foi revelada à imprensa, Marinho aparece recebendo propina e detalhando um possível esquema de corrupção na estatal.

O empresário explicou aos parlamentares que sua intenção era mostrar a fita ao então diretor da Administração da estatal, Antônio Osório, e ao presidente do partido responsável pela indicação de Osório, no caso, Roberto Jefferson. Segundo Washek, Jairo Martins, dono do equipamento de gravação, foi o responsável pela distribuição da fita à imprensa. "Vazou porque o Jairo tinha ligação com a imprensa. Fez isso porque é canalha", afirmou.

Washek ressaltou que não queria escândalos, mas mostrar a atuação de Marinho à diretoria dos Correios. Para ele, o erro foi não ter ficado com a fita e deixado Jairo editar e distribuir. Destacou também que não teve motivação política, mas comercial, com a gravação do vídeo.

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