Eminência de ataque ao Iraque faz dólar chegar próximo a R$ 3,50

Mantida a pressão política externa e sem encontrar alívio nas declarações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o mercado viveu hoje mais um dia de nervosismo e levou o dólar a sua segunda maior cotação no ano e se aproxima novamente do patamar de R$ 3,50.

A moeda norte-americana fechou a R$ 3,485 para venda e R$ 3,476 para compra, em alta de 2,19% e no maior valor desde 2 de janeiro, quando, em trajetória de queda, fechou a R$ 3,535. Nessa toada, é provável que o dólar registre amanhã seu maior fechamento no ano.
Enquanto isso, o risco Brasil opera em alta de 2,71%, a 1.322 pontos.

O Banco Central determinou hoje, por meio de carta aberta enviada ao Ministério da Fazenda, que vai trabalhar com uma meta ajustada de inflação de 8,5% este ano, contra um teto de 6,5% para a inflação imposto pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

A medida dividiu as opiniões no mercado, que já esperava o ajuste da meta para este ano, mas pouco alterou o movimento do dólar, que oscila sob a pressão da crise entre EUA e Iraque, que pode acarretar uma nova escalada dos preços do petróleo.

Diante da possibilidade de uma nova crise econômica mundial detonada pela guerra, os investidores evitam mercados emergentes, como Brasil. Com isso, aumentam as apostas em uma alta da cotação do dólar, o que leva quem tem moeda em caixa a evitar vender ou elevar seu preço.

“A tendência de baixa pode ter acabado. [O movimento do câmbio] vai depender muito do cenário lá fora”, afirmou Marco Antonio Azevedo, gerente de câmbio do Banco Brascan.

O dólar passou de R$ 3,545 no último dia do ano passado para R$ 3,305 na última quinta-feira, dia em que a ONU (Organização das Nações Unidas) declarou ter encontrado ogivas químicas vazias no Iraque e reacendeu as tensões entre o país de Saddam Hussein e os EUA. De lá para cá, a moeda saltou 5,4%.

Esse novo avanço do dólar, frustrando todas as expectativas de recuperação que ganharam corpo após a transição presidencial, coloca em xeque a promessa do novo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de promover o crescimento da economia e reduzir as taxas de juros.

Amanhã, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) encerra sua reunião de dois dias para definir a taxa referencial de juros do mercado, hoje em 25% ao ano. O consenso é pela manutenção da taxa, mas com a pressão do cenário internacional, analistas admitem que volta a existir espaço para uma nova alta, ainda que pequena.

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