Embrapa cria sistema de classificação de solos para irrigação que evita desperdícios

A Embrapa Solos, unidade de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, com sede no Rio, desenvolveu o Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação, com enfoque no Semi-Árido, que gera um retorno potencial em recursos para essa região da ordem de 800.000.000%. Esse percentual considera a economia de divisas que seria feita com o novo sistema, acrescida de investimentos passíveis de serem gerados. O sistema será lançado oficialmente em julho, durante o 30º Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Recife.

O pesquisador Fernando Cézar Amaral explicou que a nova metodologia evita o desperdício de recursos, na medida em que realiza uma avaliação completa do ambiente para irrigação. Ele exemplificou dizendo que, se 40% do total das terras do Semi-Árido com problemas de drenagem fossem irrigados, isso representaria jogar fora em torno de US$ 479 bilhões, considerando-se o custo médio de US$ 12 mil por hectare.

Segundo Amaral, a aplicação do sistema no Semi-Árido permite a incorporação de áreas que antes não eram consideradas produtivas. "Então, se há um ganho de um lado e, de outro, e acho até mais importante, com essa metodologia, evita-se a prática de irrigação em áreas que não tenham retorno. E são vários os exemplos de áreas no Nordeste que foram transformadas em perímetros de irrigação e não tinham a menor viabilidade de gerar riqueza", afirmou Amaral.

Boa parte do projeto Xique-Xique, localizado na cidade baiana do mesmo nome, situada à margem direita do rio São Francisco, encontra-se nessa situação, porque foi colocada em cima de solo sem produtividade hidráulica, isto é, sem drenagem, disse o pesquisador. "Então, você irriga e a água não tem como tirar o excesso de sais. Em pouco tempo, essas áreas salinizam". De acordo com o pesquisador, com o novo sistema, essa possibilidade de erro é eliminada "de pronto, porque já se descarta essas áreas para irrigação".

Amaral disse que a metodologia, desenvolvida a pedido da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), representa economia de investimentos que, multiplicada pelos solos similares, gera um retorno potencial, sem desperdício de recursos. Pela antiga metodologia norte-americana, 47% das áreas do Semi-Árido eram consideradas não irrigáveis. O Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação substitui a metodologia importada dos Estados Unidos e prova que as áreas de solos arenoquartzosos são irrigáveis, ressaltou Amaral.

Segundo ele, se for considerada essa área multiplicada pela receita gerada, por exemplo, por um hectare de manga irrigada, uma das culturas que mais crescem na região, ao custo de US$ 12 mil por hectare, a geração de recursos seria de cerca de US$ 566 bilhões. A área do Semi-Árido é de 1,006 milhão de quilômetros quadrados. Mais de 47% são áreas irrigáveis, com retorno econômico garantido, mas, pela metodologia americana, eram consideradas não irrigáveis.

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