Economista brasileiro indicado ao FMI é crítico do pensamento ortodoxo

Brasília – O novo indicado brasileiro para representar o país junto ao Fundo Monetário Internacional, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. tem sido, nos últimos anos, um crítico histórico do papel do fundo e, nos últimos tempos, tem contestado pontos da política econômica praticada pelo atual governo. A indicação de Batista Jr. foi confirmada, na sexta-feira (23), pelo Ministério da Fazenda.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1955, Batista Jr. é economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mesma instituição em que lecionava o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega. No governo Sarney, assessorou o Ministério do Planejamento durante a gestão de João Sayad, e o Ministério da Fazenda durante a gestão de Dílson Funaro – exatamente no período em que o país anunciou a moratória de sua dívida externa, em 1987.

Batista Jr. publica regularmente na imprensa artigos com avaliações sobre a política econômica brasileira. Em janeiro, por exemplo, ele escreveu que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) marca uma "mudança" na orientação da política econômica, porque apresenta um Estado menos "passivo" diante das tarefas de planejar, investir e de induzir investimentos privados.

No ano passado, ele criticou a estratégia brasileira de trocar títulos da dívida externa por da dívida interna, por causa dos custos da operação para o país. O economista também contestou, em vários artigos, a velocidade com que o Banco Central vem diminuindo a taxa básica de juros do país, a Selic.

Batista Jr. é autor de livros como "O Brasil e a economia internacional: recuperação e defesa da autonomia nacional", (Campus, 2005), "A economia como ela é…" (Boitempo, 2000), "Mito e realidade na dívida externa brasileira" e "Da crise internacional à moratória brasileira" (ambos pela Paz e Terra, em 1983 e 1988, respectivamente)

O professor da FGV substituirá como diretor executivo do FMI indicado pelo Brasil o economista Eduardo Loyo, que ocupou o posto nos últimos dois anos. Para ser oficializado diretor, o indicado ainda terá que obter a concordância de outros oito países que integram a circunscrição da qual faz parte o Brasil. São eles: Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname, Trinidad e Tobago.
 
Caso haja anuência, a substituição deverá ocorrer logo depois das reuniões que o FMI realizará, em Washington, nos Estados Unidos, em meados de abril, segundo informou nota divulgada neste sábado (24) pelo Ministério da Fazenda.

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