Volume de cheques frios vai bater recorde em 2003

São Paulo – O número de cheques devolvidos por falta de fundo no Brasil será recorde em 2003. A avaliação é da Serasa, que realiza mensalmente, desde 1991, levantamento sobre esse indicador de inadimplência. Em outubro, o volume de cheques sem fundo foi de 15,9 a cada mil compensados, alta de 8,2% em relação ao mês anterior – o equivalente a três milhões de documentos.

De acordo com Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa, a alta de outubro era esperada, devido ao efeito do calendário – maior número de dias úteis em relação a setembro.

“Em outubro houve também um rescaldo dos cheques sem fundo passados no Dia dos Pais”, acrescentou Almeida.

Em novembro e dezembro, segundo o economista, a expectativa é de que haja uma queda no número de cheques sem fundo, ficando no patamar de 15 a cada mil compensados, número bem inferior ao recorde histórico registrado em março deste ano (17,6 a cada mil compensados).

Segundo Almeida, nos dois últimos meses do ano, a inadimplência deve cair, em função da reativação da atividade econômica e da queda dos juros, além de ser um bimestre em que tradicionalmente as pessoas costumam honrar as suas dívidas.

Apesar de a Serasa prever que o segundo semestre de 2003 tenha menos registros de cheques sem fundo do que no primeiro, que fechou com média de 15,7 a cada mil compensados, a estimativa para o ano é bastante negativa.

“Vai fechar o ano com recorde histórico de cheque sem fundo”, afirmou o assessor econômico da Serasa, sem arriscar um número.

Segundo a instituição, de janeiro a outubro deste ano a devolução de cheques sem fundo aumentou 12,9% – a média foi de 15,7 a cada mil compensados, contra 13,9 no mesmo período de 2002. Pelos números de outubro, se comparados ao mesmo mês de 2002, a alta de documentos não pagos pelo banco é de 24,2%.

O assessor da Serasa considera que a expectativa para a economia em 2004 é boa, motivada pela queda na taxa básica de juros (Selic), que está atualmente em 17,5% ao ano. Segundo ele, essa conjuntura permitirá que o Natal deste ano seja melhor para as vendas do que o de 2002.

No entanto, Almeida alerta que, devido ao alongamento de prazos de pagamento no comércio, o setor deve ter cautela na hora de conceder crédito, para evitar os níveis de inadimplência registrados no cheque sem fundo em 2003.

“Estamos no embalo de que 2004 será um ano muito bom, mas o comércio deve lembrar que a queda na renda continua, uma vez que o governo dá prioridade para a geração de empregos. A recuperação do poder aquisitivo só ocorrerá mais tarde”, disse.

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