São Paulo – A Volkswagen do Brasil vai acatar integralmente a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo e concederá aos funcionários das fábricas de São Bernardo, Taubaté e São Carlos reajuste salarial de 18,01%. A empresa informou ontem que não vai recorrer da sentença, determinada em julgamento ocorrido ontem. O índice equivale a 15,7% de reposição da inflação até setembro e 2% de aumento real.
Com a decisão, grande parte dos 55 mil metalúrgicos da região do ABC e interior de São Paulo vai ter aumento real de salários, o que não ocorria desde 2000. O índice de 18,01% será aplicado para quem ganha até R$ 5 mil, teto que envolve a maioria dos funcionários, segundo as montadoras. Quem recebe acima desse valor terá aumento fixo de R$ 900,50.
Outros 700 mil metalúrgicos do Estado de São Paulo ligados a sindicatos filiados à Força Sindical e 260 mil à CUT realizam assembléias hoje e domingo para aprovar propostas dos setores de autopeças, máquinas e eletroeletrônicos, entre outros. Para eles, o reajuste deve variar de 16,15% (inflação até outubro) a 17%.
Só a Volks emprega cerca de 21,8 mil trabalhadores nas três fábricas. A montadora passa por processo de reestruturação no País, que representará a extinção de 3.933 postos de trabalho em São Bernardo e Taubaté. A empresa alegava não ter condições de pagar o aumento real neste mês – aceito pelas demais empresas do setor – e pediu o julgamento do dissídio coletivo.
Ontem, funcionários da área administrativa da fábrica de São Bernardo voltaram ao trabalho, após oito dias de paralisação. Já o pessoal da produção realiza assembléia na segunda-feira, às 5h, para aprovar o retorno. Eles não trabalharam ontem porque cumprem jornada de quatro dias semanais.
Na fábrica de motores em São Carlos, os 530 funcionários retomaram as atividades. Já em Taubaté, a produção continuou precária porque a unidade depende de peças feitas no ABC e em São Carlos.