Volks discute mudança de jornada

Representantes da comissão de fábrica da Volkswagen/Audi, em São José dos Pinhais, e do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba apresentaram ontem aos gerentes de produção, recursos humanos e relações trabalhistas da empresa propostas contra a sobrecarga de trabalho. “O principal problema é que a empresa precisa de produção, já que o Fox está vendendo bem, acima do esperado, mas não tem funcionários excedentes”, explica o coordenador da comissão de fábrica, Jamil Davila. A produção média de Fox passou de 140 veículos por dia para 200, na última sexta-feira. Com isso, a previsão inicial de produzir 7 mil Fox até o final do ano pode chegar a 10 mil automóveis.

Há um mês e meio, os funcionários já estão trabalhando uma hora a mais por dia, totalizando 8h38. A montadora tenta negociar mais meia hora diária por turno e mais um domingo de expediente normal até o final do ano. Para dar conta do aumento na produção, os funcionários estão sendo convocados a fazer horas extras. No último sábado, feriado, os empregados se recusaram a trabalhar.

A preocupação do sindicato é que a sobrecarga eleva a incidência de doenças e acidentes de trabalho. De acordo com a comissão de fábrica, a empresa produziu 95 mil carros em 2001 com 3 mil funcionários. Deve fechar este ano com 94 mil unidades, com 2,4 mil trabalhadores. Antes da recuperação do mercado, influenciada pelo fim do IPI reduzido, a estimativa era inferior a 90 mil automóveis. O sindicato e a comissão de fábrica querem a contratação de mais 300 funcionários e a instalação do terceiro turno de trabalho.

Mas ao invés de contratar, a montadora prefere utilizar os 23 dias de horas que os trabalhadores devem no banco de horas. O pagamento está sendo feito com o acréscimo diário de uma hora mais o expediente normal nos sábados de folga. Pelo horário normal, o trabalho aos sábados seria alternado, possibilitando dois sábados de folga por mês.

Para viabilizar o trabalho em um domingo, o sindicato e a comissão reivindicaram ontem que a empresa decida antecipadamente a data das férias coletivas, para que os trabalhadores possam se programar melhor; que ela pague as horas extras de dois dias de retrabalho; e defina um novo horário de trabalho a partir de janeiro, passando a 8 horas diárias de segunda a sexta e só um sábado por mês. Os metalúrgicos esperam uma resposta da Volks/Audi até hoje à tarde e depois levarão o assunto para votação em assembléia.

No início do ano, o Ministério Público obteve um relatório da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) denunciando a existência de 159 casos de trabalhadores afastados da Volks-Audi por doenças causadas pela atividade profissional. Mais sete casos foram diagnosticados pelo INSS na última semana.

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