A forte política restritiva implantada no País e a redução do preço em reais das principais commodities do Estado devem fazer com que as vendas da indústria paranaense fechem 2003 no vermelho. O resultado acumulado nos nove primeiros meses do ano mostra que houve queda de 12,79% nas vendas industriais do Estado, em relação ao mesmo período do ano passado.
“Pode até haver um retardamento. Se não fechar o ano em -12%, pode fechar em -9% ou -8%. De qualquer forma, as compras já foram decididas”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures. “É um ano de descapitalização da indústria.” A última vez que as vendas do Paraná fecharam com índice negativo, segundo Loures, foi em 96, com variação de -8%.
“A política de juros altos e o câmbio desarrumaram toda a economia brasileira”, lamenta. Segundo ele, mesmo a recente queda da taxa de juros, e a expectativa de mais decréscimo, não é o suficiente para reverter o quadro. “A taxa de juros alta é uma receita da fonte tributária. Ou seja, o governo está se alimentando do próprio veneno”, aponta. “Está na hora de repensar a carga tributária.” Na próxima quarta-feira, Loures estará em Brasília se reunindo com a bancada parlamentar paranaense, na tentativa de sensibilizar os deputados a repensar a política brasileira. “Será um processo de cooperação e diálogo entre o Parlamento e a indústria”, explica.
Vendas
As vendas industriais em setembro apresentaram variação positiva de 3,67% se comparado a agosto. Em relação a setembro de 2002, no entanto, houve queda de 17,52%. No mês, houve aumento nas vendas para outros estados (15,64%), queda nas vendas do Paraná (-4,63%) e nas exportações (-6,64%). Já no ano, houve queda das vendas para o Paraná (-7,13%), para outros estados (-13,51%) e para o exterior (-21,25%).
Os setores que apresentaram melhor desempenho este ano foram couros, peles e produtos similares (16,12%), madeira (11,93%) e mecânica (9,41%). Por outro lado, tiveram queda a indústria têxtil (-46,04%), perfumaria, sabões e velas (-37,01%), minerais não-metálicos (-24,09%) e material elétrico e de comunicações (-19,46%).
Compras
As compras industriais de janeiro a setembro de 2003 foram superiores às do mesmo período do ano passado em 9%. Na comparação com agosto, houve queda de -2,83%. No ano, houve aumento da compra de insumos no Paraná (17,91%) e do exterior (34,7%), e queda da compra de outros estados (-9,27%). Os setores que apresentaram maior destaque no acumulado do ano foram couros, peles e produtos similares (131,03%) – o que significa que as indústrias deste setor estão trabalhando com grandes estoques -, química (57,61%), matérias plásticas (52,14%) e mecânica (48,36%). Por outro lado, tiveram queda a indústria têxtil (-59,75%), perfumaria, sabões e velas (-20,42%), metalúrgica (-14,74%), entre outros.