Sem jeitinho

Vendas de chips podem ser retomadas em 15 dias

O remédio amargo dado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que proibiu a comercialização de novos planos de telefonia móvel, de voz e de dados, parece que ainda não foi suficiente para a operadora TIM. Ontem, primeiro dia da proibição, os clientes antigos seguiram com a rotina de insatisfação. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse acreditar que as operadoras devem retomar as vendas dentro de 15 dias. Para ele, esse é um prazo “mais que suficiente” para que as empresas apresentem soluções, planos de investimento e convençam que vão melhorar os indicadores.

O ministro ainda revelou que tem aparelho celular da TIM, e ficou sem 3G durante todo o dia na sexta-feira. “E hoje (ontem) fiz duas ligações para Curitiba que caíram no meio da conversa”, detalhou. “Não temos nada contra a TIM, mas achamos que a qualidade do serviço não está boa no momento.” Apesar de achar que o prazo de 15 dias “razoável”, Bernardo disse que não haverá interferências, por parte do ministério, sobre a agência. “Não vou ligar e perguntar se não vão liberar as empresas. Não estamos com pressa, quem esta com pressa são eles. Ninguém vai pressionar a Anatel. Ninguém vai dar um jeitinho”, disse.

Descontentamento

Duas clientes que saíram da TIM Store da Rua XV de Novembro, no Centro, estavam descontentes com o serviço. A dona de casa Izoleide Ferreira, que é cliente há anos, coleciona episódios de problemas com a operadora. O último deles começou no sábado, quando comprou créditos para o celular que, até o final da tarde de ontem, não tinham sido creditados. “É a segunda vez que fui até a loja para verificar o que aconteceu e, pela segunda vez, o atendente que poderia resolver o problema está ausente”, relatou. “Não é à toa que foram punidos. O pior é que pelo jeito vou ter que gastar comprando mais créditos e sem saber se vão creditar ou falhar novamente”, avaliou. A assessoria de imprensa da TIM informou que a loja tem dois atendentes de pós-venda, mas prometeu averiguar o que houve.

Justiça não libera comércio

Já a designer Suzana Dias, cliente há dez anos, foi à loja para ver os novos aparelhos. Por diversas experiências frustrantes, diz apoiar integralmente a decisão da Anatel. “Sempre houve problemas de ligações cortadas ou falta de sinal. Depois da promoção dos R$ 0,25 por minuto, estragou de vez”, citou.

Ontem, a Justiça Federal negou o pedido da operadora de manter suspensas as vendas de chips. O juiz federal substituto da 4.ª Vara, Tales Krauss Queiroz, alegou que “de dois anos para cá, é pública e notória a piora na qualidade dos serviços de telefonia celular do País. Há a sensação generalizada por parte dos usuários de que a qualidade caiu”. A Anatel informou que esta semana não deve liberar a retomada das vendas.

Arquivo
Claudia: denúncia.

Determinação é ignorada

Mesmo nas revendas, como a banca Moreira, que vende chips de todas as operadoras que atuam no Paraná, a decisão da Anatel foi cumprida. Na banca, um jornal cobria o cartaz com o preço do chip da TIM. Já nos pontos de vendas da operadora, um comunicado discreto foi afixado conforme previa a medida cautelar contra a TIM. Entretanto, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR) já tinha informações que alguns estabelecimentos insistiam em descumprir a determinação. “Tanto a venda do chip quanto a habilitação estão proibidas. Quem porventura comprar e só depois descobrir que o chip não pode ser habilitado, deve denunciar a loja para a Anatel e levar o comprovante de compr,a para o Procon”, informou a coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano.É a partir do comprovante que o órgão pode atuar para que o cliente desavisado seja ressarcido. A TIM informou que sua central técnica está orientada a não fazer ativação dos chips nos estados afetados pela decisão da Anatel..